Surreal Park: 2 ou 20? Entenda como em pouco tempo de atuação o clube parece carregar um legado de duas décadas

Por assessoria

Foto: divulgação

O ano era 2020 e o cenário era incerto, mas voltar atrás não era uma opção. Afinal, Renato Ratier é aquele tipo de cara que não desiste fácil das coisas. Lidou por vários meses com o club D-Edge fechado em São Paulo, sem qualquer previsão de abertura e, ainda assim, teve coragem para seguir com o projeto do Surreal Park em Santa Catarina, apostando todas as suas fichas em uma ideia que, dada a instabilidade do cenário mundial por conta do Covid-19, era bastante arriscada. Mas deu certo. As construções avançaram, a pandemia aos poucos foi sendo superada e em dezembro de 2021 os clubbers ganharam um novo complexo multicultural que hoje já é muito conhecido e falado nos quatro cantos do Brasil e do mundo, mesmo com menos de dois anos de funcionamento.

O grande destaque do Surreal Park sempre foi o seu espaço diferenciado. Localizado em uma área retirada da cidade de Camboriú/SC, o terreno é cercado pelo verde da natureza e possui até mesmo um lago com vitórias-régias, junto a isso, uma decoração surrealista e a proposta singular de cada uma das quatro pistas faz a experiência ser única. Uma espécie de celeiro inspirado em Peaky Blinders, uma tenda de circo com carroças ciganas, uma capela e uma pista totalmente de madeira são as peças-chave que formam esse lugar tão especial — fora outros dois stages que ganharão vida nas próximas semanas, Ritual e Jet Set. Ao longo dos meses, porém, o que chamou atenção foi a curadoria de ponta realizada pelo club, sempre apoiada em quatro pilares principais: presença de estrelas internacionaisvalorização de artistas brasileirosoportunidade para artistas locais e labels em desenvolvimento, além de uma ampla diversidade sonora.

Nos primeiros meses, o público foi “pego de surpresa” por uma enxurrada de grandes DJs internacionais que passaram pelo Surreal nos eventos iniciais, mas para compôr os lineups, o time brazuca sempre esteve à altura e entregou o que se esperava. E se em uma ou duas pistas tinham grandes nomes da cena global e nacional, em outra havia um espaço reservado especialmente para algum label local mostrar seu trabalho, permitindo que sua proposta musical chegasse a novas pessoas. Viver uma noite no Surreal virou sinônimo de liberdade e experimentação, já que a apenas alguns passos de distância é possível mudar totalmente de atmosfera e estar em contato com sons e artistas que talvez nunca seriam descobertos pelo público fora dali.

É claro que estilos como o Techno, o Melodic Techno e o Tech House sempre estiveram nas noites com mais força, mas isso nunca foi uma barreira ou impedimento para outras vertentes. A pista Raw Room recebeu muitas festas de House, Minimal, Microhouse e Electro; o Bells Stage foi palco para artistas de Hard Techno, Indie Dance, Melodic House e House; a Nomad recebeu vários nomes de Organic House, Afro House, Progressive House e Deep Tech — e até teve alguns momentos com Drum n Bass, quando DJ Marky assumiu a pista — ou seja, é um ambiente para todos os gostos e todas as tribos.

Próximo de receber a lenda Carl Cox no dia 09 de dezembro e celebrar seus dois anos de história no dia 27 com Seth TroxlerJoseph Capriati e dois novos palcos, o Surreal se mostrou um espaço democrático que está totalmente atento às tendências, mas que ao mesmo tempo valoriza artistas de décadas atrás e entende a importância de abrir espaço para aqueles que ainda sonham de viver da sua música. Por mais que alguns “torçam o nariz” quando são anunciadas atrações que não agradam por “não combinarem” com a proposta, o Surreal está ali para mostrar que todo artista é bem-vindo e que independente da vertente, tudo se resume à boa música. Todo e qualquer artista que sobe em um de seus palcos tem a chance de mostrar sua pesquisa, dar o seu melhor e, possivelmente, transformar uma noite de poucas expectativas em uma das mais surreais já vistas, basta você dar uma chance. 

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