OPINIÃO: FAÇAM SUAS APOSTAS: QUEM SERÁ O PRÓXIMO EXPLORADO?

Por Salomão Augusto

Foto: divulgação

Significado da palavra exploração: Ação ou efeito de explorar, investigar, pesquisar, analisar. Uso para determinado fim.

Sinônimo da palavra exploração: aproveitamento abusivo, extorsão, abuso, proveito, vantagem.

Do significado da palavra ao sinônimo dessa palavra, temos um abismo.

E é nesse abismo que a gente se encontra

Antes de falarmos em exploração, preciso deixar claro que:

Esse texto é um artigo de opinião. Ele pode vir de encontro ou confronto com a sua visão.

Leia, interprete e não compartilhe sem antes ler tudo.

Você concordando ou não, o Brasil é um país que vive desde os tempos mais primórdios sob constante exploração, no pior sentido/sinônimo da palavra mesmo.

Antes de nos chamarmos (ou nos darem o nome) de Brasil, nós já estávamos trocando espelho por especiarias. E isso cicatrizou na nossa cabeça. Normalizamos e nos acostumamos com a exploração.

Vou levar esse assunto pro ambiente mais harmonioso, tranquilo e feliz do mundo: o mundo da música.

Nós, eu falo nós BRASIL, nação. Somos potência mundial em produção musical. Seja em músicos, bandas, obras registradas, gêneros musicais, originalidade, volume de eventos, receita ou até em quantidade de artistas que nascem e desistem da música por minuto. Isso tudo nós batemos recordes constantes se comparados a outros países.

Tenho uma playlist que na descrição eu falo que se acontecesse uma Guerra Musical no mundo um dia, o Brasil o maior articulador em campo disparado, não pela malandragem, mas sim pela criatividade.

Mas só falar não adianta. Precisa mostrar com números:

De acordo com o relatório Global Music IFPI de 2023 lançado em Março, o Brasil ocupa a nona posição no mundo em crescimento exponencial e em sétimo lugar execução pública de obras. Cerca de 10% da arrecadação mundial em receita global foi acumulada aqui. O Brasil só cresce musicalmente falando (cerca de 15% ao ano) e esse expoente só tende a aumentar com as novas tecnologias e possibilidades de conexão.

Grande parcela desse volume de resultados é mérito também da música eletrônica

brasileira.

Agora, outra polêmica: se você que está lendo esse conteúdo é um músico orgânico (instrumentista/cantor/etc) e que não considera a música eletrônica um recorte da música, acho que você já pode sair desse texto. Mas se caso entender a provocação e esteja disposto a transformar sua visão, segue pras linhas de baixo;

O Brasil tem um histórico promissor desde que surgiram os primeiros representantes por aqui. Do Drum And Bass (inicio de 2000) ao Tech Funk (atualmente) , nós já tivemos nomes em destaque e referência pro mundo todo, como DJ Marky, Patife, XRS, DJ Andy, Alok, ANNA, Vintage Culture, Illusionize, DJ Marlboro, Vegas, Erick Jay — 5 vezes campeão DMC — e outras centenas (se não milhares) de nomes que passaram nesses mais de 30 anos de música eletrônica no Brasil.

Isso sem contar os clubs, onde temos nomes como Green Valley que ganha consecutivamente como melhor club do mundo a anos.

Já temos a anos representantes do nosso país tocando nos maiores palcos do mundo e lotando clubs, estádios e festivais pelo mundo inteiro com bilheterias milionárias.

Mas o que tem a ver a exploração com todas essas informações sobre música?

Volte a imagem do topo da matéria. A imagem que está lá representa o maior rombo de exploração de riquezas naturais já realizado aqui no Brasil. Essa foto é do garimpo da exploração do garimpo de Serra Pelada, localizada no Sudoeste do Pará. Por muitos anos (mais precisamente quase 30) essa região e nome foi uma promessa de prosperidade e que derreteu com diversos sonhos de garimpeiros e famílias que largaram tudo para explorar e tentar uma vida melhor com a esperança de achar uma pedra que salvaria a vida deles.

Assim acontecem com as tendências no Brasil. Principalmente as musicais. A maioria delas não são exploradas por gringos na mesma proporção que os próprios brasileiros exploram os mais baixos ou os que são desavisados.

Um grande exemplo é o Funk ?c?a?r?i?o?c?a?Brasileiro, a não-tão-nova amazônia (ou próxima Serra Pelada) musical do Brasil.

Assim como o Samba e Bossa Nova foram no passado, do surgimento à consolidação, sempre teve em evidência nas melodias e inspirações pelo mundo todo.

Qual o fio da meada aqui?

Antes de dar a letra, quero fazer um teste com você.

Qual o sentimento que você tem lendo os títulos de matéria abaixo:

matéria 1: ANITTA GANHA PELA SEGUNDA VEZ O VMA POR MELHOR CLIPE LATINO

matéria 2: TRAVIS SCOTT, THE WEEKND E BAD BUNNY LANÇAM FAIXA COM BATIDA DE

FUNK

Agora no cenário da música eletrônica

matéria 1: PRODUTOR BRASILEIRO INVENTA UM NOVO ESTILO COM VOCAIS DE FUNK: O

TECH FUNK

matéria 2: SOLOMUN TOCA HIT DE FURACÃO 2000 NA COSTA RICA

Qual dos 2 cenários acima te “empolgou” mais ao ler?

O do gringo explorando a cultura ou do próprio brasileiro sendo destaque e evidência reafirmando a nossa cultura?

Bom, se foi a opção 2 em todos os cenários, você realmente precisa reler o que está noticiado acima ou acordar dessa síndrome de colônia.

Tudo que é original, autêntico e naturalmente criado aqui no Brasil, tem essa tendência gigantesca de ser explorado por mercados globais de uma maneira muito comum e sem precedentes pra consequência disso pro nosso inconsciente colonizado.

Mas você tá falando que gringo não pode samplear nada aqui do Brasil, como inspiração?

Claro que não estou falando isso. Eu quero é que cada vez mais a cultura brasileira seja difundida em outros países. Somos MULTIMILIONÁRIOS e AUTO SUFICIENTES no ativo mais cobiçado do mundo por naturalidade: a criatividade.

O que estou querendo dizer com esse comparativo e essa provocação é que: Enquanto você, público ou artista, não valorizar o que está sendo criado aqui, suado aqui e principalmente, o corre dos seus amigos que vivem de música, cultura ou qualquer tipo de frente da economia criativa, isso não vai mudar nunca.

O jogo tem virado bastante de uns anos pra cá, mas a cicatriz da exploração não sara. A valorização da cultura nacional, principalmente feita pelos próprios artistas ou público daqui, é de suma importância para que tenhamos autonomia de cada vez mais espaço em leis de incentivo, em políticas voltadas para o setor criativo.

Falando a língua do mercado, hoje somos o volume total de 3,11% do PIB nacional (cerca de R$ 230,14bi) em volume de receita e importância, representados pelo setor de cultura e entretenimento, sendo maior do que a indústria automobilística aqui no país. (pode ler denovo)

Pode parecer pouco, mas já é a maior conquista que nós temos até hoje enquanto mercado. Crescemos 11,7% de 2017 a 2020 e esse gráfico só tende a surpreender nos próximos anos.

Com a devida valorização massificada, essa média pode subir ou até dobrar de acordo com os últimos rumores que estamos recebendo do MinC através de linhas de incentivo a cultura pelas leis Aldir Blanc, Paulo Gustavo e todas que já existiam pré pandemia, como Rouanet, as Estaduais e as Municipais (sem contar os editais do setor privado). Esse ano, só de recursos previstos para a cultura, temos o número histórico de R$ 10 bilhões de reais, como afirma a Ministra Margareth Menezes nessa fala:

“Esse investimento [R$ 10 bilhões] vem da ideia do presidente Lula de a cultura ser ferramenta de ascensão social e econômica. Ainda mais num momento em que o país está precisando de emprego. O retorno em relação ao PIB é maior que o da indústria automotiva, de acordo com pesquisa que será divulgada.”

Pela potência e força criativa que o Brasil tem de experimentar e ser original em suas criações, esse número pode vir a ser muito maior e escalonar muito mais de um ano pro outro.

Se não ficou claro até aqui, vou tentar ser mais sucinto:

O nosso país é o lugar onde se produz a melhor música e cultura do MUNDO inteiro. Se nós não afirmamos isso, vão afirmar por nós.

Nunca estivemos tão bem quanto ao acesso a políticas voltadas para o entretenimento no Brasil.

A fonte de criatividade do brasileiro é inesgotável, pois fazemos algo inimaginável para um país que historicamente não tinha esse olhar para a cultura até o presente ano.

Não espere a fonte secar, multiplique a fonte, experimente. Explore e celebre as riquezas e os incentivos do seu país e existe a criatividade nascida e

trabalhada aqui, se não o próximo explorado pode (ou possivelmente VAI) ser você.

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