Na abertura do verão no Surreal Park, Guy Gerber apresentou um set recheado de clássicos

Por Jonas Fachi

Foto de abertura: divulgação

Comemorando um ano de abertura, o Surreal Park iniciou sua segunda temporada de verão com o expoente Guy Gerber. O israelense é um dos lideres da nova geração de produtores do país historicamente reconhecido por pioneiros do pystrance. Essa nova safra de produtores voltados para sons mais introspectivos indo do house progressivo até melodic house começou a surgir por volta de 2006 e Gerber, ao lado de Guy J, é um desses nomes que inspirou vários outros que depois viriam a se tornar destaques internacionais, como Khen, Guy Mantzur, Sahar Z, Chicola, Audio Junkes e Shai T. 

Gerber ganhou projeção global em 2007 ao lançar pela Cocoon a faixa “Timing”, considerada uma das mais belas tracks já produzidas na história da dance music, se tornando rapidamente um verdadeiro clássico. Porém, a genialidade dele vem ao longo dos anos se provando com dezenas de lançamentos marcantes. Mais recentemente, se destacou com remixes para a banda eletrônica portuguesa Desire.

Seu anúncio no Surreal me surpreendeu e me deixou muito feliz, aproveitando a vinda a São Paulo com a tour de sua consagrada label Rumors, dando sold out na capital paulista. No sábado, 17 de dezembro, foi a vez de desembarcar no Surreal para por sua música única no poderoso sistema de som na pista Bells.

A noite contava com Wesley Razzy no warm up, e com o destaque da gigante gravadora Afterlife através do Grego Echnomist, fazendo a transição das 02h às 04h até Gerber.

Foto: divulgação

Echnomist tocou seu estilo eletrônico com certa obscuridade, batidas pesadas e alguns momentos de maior energia, nada explosivo, ele fez bem seu papel de segundo headliner. A pista estava cheia, muitas pessoas novas que estavam ali para curtir a noite de um sábado sem se preocupar tanto musicalmente.

Gerber assume o comando e resolve dar um ‘restart’ na pista, colocando um breakbeat com baixos bem largos e gordos, chamando a atenção de todos, ‘estou aqui’.

Foto: divulgação

Um dos primeiros destaques da noite vem logo nas primeiras faixas, através de “Stranger Things”, de Denney & D.Ramirez (dubspeeka Remix). Que faixa linda, de 2017, ela tem um poder de puxar qualquer ouvinte para o mundo sonoro proposto.

Ritmo tribais vem em seguida, uma característica dele, o vocal marcante de “Apaga La Luz”, de Tony Touch (ID remix), fez todos olharem para o palco buscando compreender o ritmo latino

Um dos primeiros momentos mais explosivos vem com a já clássica “The Snake Poetry”, de Facundo Mohrr, prontamente reconhecida.

Foto: divulgação

Juan Yarin “Lovefool” e remix de gerber, novo lançamento da Rumors, foi com certeza uma das faixas mais bonitas que ouvi em 2022, que momento na pista! Essa primeira hora foi mais leve, apenas para por todos no mesmo balanço. Confira aqui.

Gerber começou a acelerar na segunda hora, já era 05h, então, logo começaria a clarear, suas batidas pesadas e ritmo dançante colocou todos na mesma sintonia. Gerber se sentiu mais a vontade e passou a abrir os braços e balançar de um lado para o outro, seu ritual marcante como uma serpente (símbolo da Rumors) é algo que não passa despercebido.

Já com a luz entrando por trás do palco, criando um visual nebuloso e uma brisa na pista ainda escura, ele trouxe ‘’Till We Meet Again’’, de Inner City – (Carl Craig Remix), faixa de 2015, um ponto alto fazendo todos levantar as mãos.

 

Outra faixa que foi uma imersão coletiva, “Distant Schores”, de Petar Dundov, uma das minhas músicas favoritas e que sempre quis ouvir na pista. Ela foi lançada em 2012 e foi escolhida de forma apropriada para marcar 10 anos. Claro que Gerber deu seu toque pessoal mantendo algum bass de outra faixa junto ao grande momento viajante que ela apresenta, além de um vocal gritante lembrando o The Doors.

A partir das 06h, ele voltou a tocar um som mais tribal e passou a criar momentos mais viajantes, sempre seguidos de uma track mais rápida, para não perder a pista.

Ao ouvir “Piano Lessons”, de Xinobi, eu fiquei simplesmente maravilhado. Que track linda. Já estava claro que ele não estava ali para tocar promos, e sim, para tocar músicas marcantes, sejam antigas ou novas.

A sensação era de que Gerber estava tocando o que realmente gosta, sem se preocupar em agradar a pista, e ao fazer isso, ele detinha a mente de todos aqueles que realmente estavam ali para vê-lo.

Foto: divulgação

“What To Do”, talvez o momento mais aguardado pelo público, uma das faixas mais conhecidas dele, aparece pelas 06h30, foi o grande momento de artista e público em sintonia e energia alta!

A partir de então, ele passou a abrir a pastinha de faixas suas novas e antigas, um deleite para os fãs.

Seu lançamento recente com Desire, “Can’t get you out of my head’’, veio em uma versão mais rápida e dançante do que a faixa original.

Mais uma música lendária com X-Press 2 em “Kill 100” (remix Carl Craig), uma daquelas músicas que te coloca novamente no jogo, ainda que não precisasse.

Outro lançamento e muito popular vem com “Don’t Call’’ de Desire (Guy Gerber Remix), mas, o grande momento do set chegou as 07h20 com nada menos que “Timing”. Pouco tempo antes eu havia imaginado, “esta um clima ótimo para ele trazê-la”. Esta é música que o colocou entre os produtores mais respeitados do mundo, um dos grandes clássicos de todas as épocas. Legal ver muitas pessoas na pista reconhecendo, e todos simplesmente entrando em êxtase total, inclusive os que não a conheciam. Porque é isso que “Timing” causa nas pistas que são agraciadas com sua melodia hipnótica e linhas baixo impossível de não dançar. Eu não queria mais nada, ele poderia terminar ali mesmo e sair ovacionado. Assista aqui.

Não bastasse esse resgate, logo em seguida ele traz “No Distance”, produzida em parceria com Dixon. Essa música mudou a carreira do alemão e é símbolo sonoro de toda uma nova geração de produtores que ganharam projeção a partir de 2010. É uma espécie de guia da boa música, da produção a ser perseguida. Daquelas que nunca saem da case, que obra prima!

“The L Word feat Jada” (Guy Gerber’s Countryside Remix)”, de Deniz Kurtel, outra das antigas dele, que soou como lançada agora, atemporal e levemente embriagante.

Para voltar a dar mais ritmo e energia, trouxe “Timbuktu”, de Jerome Sydenham e Dennis Ferrer, com um vocal tribal marcante.

Foto: divulgação

Já passava das 08h e Gerber parecia muito tranquilo, a pista já havia esvaziado, estavam ali os fãs mais próximos e quem realmente saiu de casa para receber uma aula de musicalidade. Ele parecia não querer parar, a cada final de música, achávamos que seria a última, porém, ele ascendia mais um cigarro e buscava outra faixa no laptop. Fez isso durante toda a última hora, escolhendo as músicas que lhe vinha a memória, sem pressa, como deve ser as manhãs de dance music. Após o staff lhe solicitar que precisava acabar, sua escolha foi por “Liquid Dreams”, mais uma parceria com Desire.

Sob aplausos de plenitude dos que mantiveram energia até o fim, ele agradece com beijos para o público.

Como é bom você ver um de seus heróis na produção musical, entregar um set de um grande DJ, que ele também se tornou ao longo dos anos. Sua presença no Sul sempre precisa ser conferida, é um artista que está no auge da carreira e ainda tem muito a entregar a música.

 

Tracklist

“Apaga La Luz” – Tony Touch (ID Remix)

“Stranger Things” – Denney & D.Ramirez (dubspeeka Remix)

“The Snake Poetry” – Facundo Mohrr

“Lovefool”- Juan Yarin – (Gerber Remix)

“Till We Meet Again”- Inner City (Carl Craig Remix)

“Distant Schores” – Petar Dundov

“Can’t get you out of my head” – Desire (Guy Gerber Remix)

“What To Do” – Guy Gerber

“Piano Lessons” – Xinobi

“X-Press 2 em Kill 100” (Carl Craig Remix) – Um clássico!!

“Out There Vídeo” – Helium

“Don’t Call” – (Guy Gerber Remix)

“Timing” – Guy Gerber

“No Distance” – Guy Gerber e Dixon

“Camaleon” – Pablo Fierro

“The L Word feat Jada” – (Guy Gerber’s Countryside Remix)

“Timbuktu” (Pan African Electro Dub) – Jerome Sydenham e Dennis Ferrer

“Liquid Dreams” – Desire (Gui Gerber Rework)

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