Por Lucas Arnaud
Foto de abertura: divulgação
Nos anos de ouro do movimento “EDM”, por volta dos anos 2012 e 2015, viu-se o meteórico crescimento do estilo Bigroom House, ou apenas Bigroom (para os mais íntimos). Nessa época, o estilo se tornou o mais tocado no EDM mainstream, sendo presença constante nos sets dos mainstages pelo mundo (conjuntamente com o progressive house). Sim, as tracks mais famosas desses anos como “Animals” e “Tremor” de Martin Garrix são dois exemplos clássicos de bigroom.
Sua sonoridade é fácil de identificar, e há quem diga que a primeira grande track bigroom foi “Epic” de Sandro Silva de 2011, que traz um drop explosivo com kick proeminente e bem marcado, e com agudos enfáticos que mesmo lembram “cornetas”. Não por acaso, esta é a perfeita descrição das produções deste estilo.
Nos ditos anos de ouro da EDM, era rotina a predominância do bigroom nos sets, e praticamente todos os grandes artistas do mainstream se renderam ao tal… veja só: mesmo Calvin Harris que possuia produções de house e pop, se uniu, em 2014, a Ummet Ozcan para produzir “Overdrive”, track estritamente bigroom e basicamente sem vocal, algo totalmente diferente do estilo usual de Calvin.
O estilo colocou em evidência titãs do EDM como Hardwell, Dimitri Vegas & Like Mike e W&W, cujas carreiras decolavam impulsionadas pela popularidade do bigroom. Com os festivais não foi diferente: dois dos mais acessados aftermovies do Tomorrowland, os de 2012 e 2013, praticamente só possuem tracks no estilo bigroom. O crescimento do bigroom foi, portanto, o crescimento de festivais, artistas, e da cena mainstream EDM como um todo.
Porém, já em 2016 comecou-se a falar sobre o estouro da “bolha EDM”. A cena inundou-se de produções repetitivas de estilos como o bigroom, e a expansão deste estilo demonstrou clara saturação. Observando isso, festivais como o Tomorrowland começaram a diversificar seus lineups no mainstage, inserindo nele pela primeira vez techno e outros estilos de house a partir de 2016, tendência que se intensificou nos anos seguintes. Viamos agora artistas de eminente techno tocando nos palcos principais, a exemplo de Charlotte de Witte e Paul Kalkebrenner, o que agradou os fãs que, amadurecidos, necessitavam de novas sonoridades nos festivais mainstream.
Neste contexto, interessantemente tem se tornado popular e presente nos mainstages uma fusão de Techno e Bigroom. Após voltar de hiato de carreira desde 2018, Hardwell tocou em seu set versões diferentes de seus hits bigroom, como por exemplo seu remix de “Spaceman”. O remix consistia em manter os elementos da track original, porém com uma construção de elementos ritmicos de techno, ou mesmo com baixos e synths mais pesados. Dá uma olhada:
E assim consolidou-se o “Bigroom Techno”: uma track com construção de techno (kick e rumble mais secos, maior e preferencial uso de hihats ao invés de claps) com elementos musicais do bigroom: as famosas “cornetas”, as agudas saw synths, e mesmo percussões classicas do estilo como o “pryda snare”.
A influência deste gênero musical tem crescido principalmente desde 2022, e cada vez mais artistas tem aderido. Ora pois, Alok iniciou seu set no São João de Maracanaú em 2023 com um remix Bigroom Techno de seu hit “Alive (It Feels Like)”.
Talvez não tendo agradado fãs mais puristas do techno, o Bigroom Techno chegou para ficar, pois renova a roupagem do bigroom, gênero que já foi tão amado pelos fãs da EDM. Espera-se que o estilo Bigroom Techno marque presença em muitos dos sets do mainstage no Tomorrowland 2023, que acontece proxima semana, inclusive no set do próprio dj Alok. Artistas como deadmau5, Kaskade, Will Sparks também ja possuem track techno com pegada bigroom, como a track “Sacrifice”
Confira agora o remix feito pelo produtor ARNAUD da icônica track No Beef, que originalmente era bigroom e agora veste a nova roupagem do Bigroom Techno:
Veja também a track “Sacrifice” de Kaskade e Deadmau5: