Falamos com Federico Ambrosi, que acaba de estrear por uma gravadora brasileira: Eatbeat Records

Por Lau Ferreira

Foto de abertura: divulgação

Na ativa há mais de dez anos como DJ e oito como produtor, o italiano Federico Ambrosi começou a se destacar globalmente a partir de 2019, quando lançou pela Repopulate Mars, de Lee Foss. De lá pra cá, as portas das maiores gravadoras de tech house do mundo foram se abrindo — Roush, Relief, Stereo Productions, Sola, Toolroom, Hottrax, sem falar no suporte de estrelas como Jamie Jones, Solardo, Green Velvet, Sam Divine, Paolo Martini e Hector Couto, fazendo com que o artista alcançasse novos patamares.

Influenciado por nomes como Carl Cox, Green Velvet, Patrick Topping e Loco Dice, além dos citados acima, Ambrosi lançou no início do mês de agosto, pela primeira vez, em um selo brasileiro: Eatbeat Records, de Tough Art, Nicolau Marinho e Autobotz [Confira no Beatport ].

A partir do EP de três faixas “Take Me Up”, ele espera estreitar os laços com o nosso país e vir tocar aqui assim que for possível, já que considera sua turnê pela América Latina como uma das melhores experiências da sua vida.

HM – Federico, primeiramente, deixamos este espaço aqui para você se apresentar para os que ainda não lhe conhecem. Quem é Federico Ambrosi e qual a sua história?

Olá, pessoal! É um prazer fazer esta entrevista, espero conseguir ir ao Brasil em um futuro próximo! Para aqueles que ainda não me conhecem, sou um DJ e produtor italiano, toco principalmente tech house e house music. Comecei a tocar na minha cidade natal, Verona, há muitos anos, mais de dez. Toquei no club Alter Ego (um club daqui que fez história com DJs como Paolo Martini e o Marco Dionigi) e em outros clubs da minha cidade, depois comecei a produzir. Ano após ano eu fui crescendo.

Após assinar com grandes gravadoras, comecei a tocar fora da Itália em gigs pela Europa. Em 2019, fiz minha turnê na América do Sul, passando pela Argentina e pelo Chile. Fiquei por lá durante uns quatro meses, morando em Buenos Aires. Acredito que foi uma das melhores experiências da minha vida.

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Foto de abertura: divulgação

HM – Você nasceu e segue morando em Verona, não é mesmo? Como é a cena eletrônica por aí? Nunca sentiu a necessidade de estar em um centro maior para crescer na carreira?

Sim, nasci em Verona. A cena não está boa no momento. Há muitos anos era legal. Viajando, percebi que minha cidade foi deixada para trás, tendo em vista o tipo de música que toco. Verona é uma cidade pequena. Aqui, a maioria dos clubs é direcionada à música comercial. Em outras partes da Itália, pelo contrário, há boas festas, com certeza!

A terceira pergunta é muito boa, é muito importante ir para um centro maior para fazer sua carreira crescer e conhecer mais pessoas na indústria. Cada vez que toco por aí, conheço novas pessoas que podem ser importantes para projetos no futuro ou para novos relacionamentos.

HM – Como e quando que você começou a se destacar numa perspectiva global com a sua música e a sua arte? Sabe dizer se houve algum release ou alguma gig definitiva, que serviu como ponto da virada? Foi a partir de “Conscious” ou algo anterior?

Como eu disse acima, minha carreira mudou pra valer quando comecei a lançar minhas músicas em gravadoras grandes. Eles ajudam você e sua música a serem conhecidos por novas pessoas ao redor do mundo. Meu primeiro lançamento realmente importante foi o EP “Sound Off” na gravadora de Lee Foss, Repopulate Mars. Ele ganhou apoio de grandes artistas, como meu bro Detlef e Gorgon City.

“Conscious” saiu depois, em 2020, e, com certeza, foi mais um ponto de virada. Eu sempre admirei Jamie Jones e suas gravadoras, então foi um sonho se tornando realidade assinar com a Hottrax.

HM – Você vem ao menos desde 2013 lançando músicas, e seu foco sempre foi tech house, não é mesmo? Como diria que foi a evolução do seu som de lá pra cá?

Sim, eu tive uma forte influência de Jamie Jones e de sua gravadora desde o início da minha carreira. Porém, acredito que tenho algumas influências da house music também. Todo tipo de música é incrível, amo música no geral. Gosto muito da energia forte do tech house e da atmosfera alegre da house.

Por exemplo, minha faixa “Your Skin”, na Toolroom Records, tem essa energia houseira que me faz voar. Aquela sensação fresca de mar, praia, verão, paz, felicidade. É louco o que a house te faz sentir. Meu som evoluiu muito desde 2013 [rs]! Melhoro dia após dia, e nunca pararei de aprender coisas novas. É por isso que a música é fantástica, não existe um ponto final.

HM – A Itália foi o primeiro grande epicentro da pandemia da Covid-19, e aqui do Brasil, acompanhamos as tristes notícias do seu país enquanto para nós, o vírus recém começava a mostrar suas garras. Em 2021, a situação se inverteu: a maior parte da Europa já está voltando ao normal, reabrindo gradualmente as pistas de dança, enquanto por aqui, a vacinação demorou a vir e o número de mortes diárias segue altíssimo. Como foi e tem sido essa experiência para você?

Essa experiência, assim como para todo mundo, foi muito difícil. A música me salvou mais uma vez. Produzi muitas músicas e estudei bastante no Logic Pro X, pois eles fizeram uma ótima atualização (10.5) no software.

Eu precisava muito da energia do público também, mas tentei concentrar essa energia em produções e nas minhas faixas. Temos que ser fortes, olhar para frente, ter ciência de que a música nunca morrerá e as pessoas voltarão a curtir e libertar a mente.

HM – Você está assinando com uma label brasileira pela primeira vez, se não estou enganado. O que pode nos falar sobre seu EP pela Eatbeat Records?

Sim, você está certo! É a primeira vez e estou muito feliz por este EP, pois as faixas estão boas e adequadas para incendiar a pista [rs]! A primeira, “Take Me Up”, tem uma linha de baixo forte, que toquei com meu próprio preset que salvei há um tempo, e é parecida com a das minhas faixas pela Relief, mesmo formato de onda. Note que há um vocal poderoso que dá energia e uma boa atmosfera a ela.

Na segunda, “Flying Saucers”, trabalhei muito nos acordes. Modulei para ter mais variações, assim eles vão mudando um pouco, mantendo a faixa interessante, trazendo suspense para o break. O remix de Autobotz é legal, é o groove típico de tech house para o peak time da festa.

HM – E como foi que rolou o contato com eles? Você já tinha algum relacionamento com Tough Art, Nicolau Marinho ou o Autobotz?

Se eu me lembro bem, estava conversando com meu amigo brasileiro Djurovic, e ele me disse que os caras da Eatbeat adorariam ter algumas faixas minhas. Eu fiquei tipo: “claro, seria bom ter apoio de uma gravadora do Brasil”. Mais tarde, Rogério (Pitanga), do Autobotz, falou comigo, e ele foi tão simpático desde o início, mostrou tanta admiração pelo meu trabalho que fiquei ainda mais interessado em lançar um bom EP.

Acho que o mais importante é como as pessoas te tratam, o lado humano vem antes da música e do trabalho. Gosto muito de gente humilde! Acho que eles estão fazendo um ótimo trabalho. Quando me enviaram o remix que fizeram para “Take Me Up”, eu gostei muito. Vibes de tech house para fazer as pessoas dançarem!

HM – O Brasil vem com uma cena tech house bem forte nos últimos anos. O que você conhece do país e da sua cena eletrônica? Li que você já tocou na Argentina e no Chile e planejava voltar ao continente para tocar no Uruguai, na Colômbia, Bolívia e no Peru. Por que você nos excluiu da sua rota? [rs] Nunca chegou a se apresentar por aqui?

Eu adoraria tocar no Brasil! Talvez você tenha lido isso porque eu não sabia exatamente os lugares onde poderia tocar, mas agora tenho certeza que tocarei aí muito em breve! O Brasil tem um público e locais incríveis, eu tenho muitos ouvintes e apoio daí, então mal posso esperar para tocar para essas pessoas!

E deixando de lado o mundo eletrônico, também adoraria saber mais sobre o Brasil e sua cultura!

HM – Quais as maiores e mais emocionantes gigs da sua carreira?

Lembro de muitas que foram mágicas! Uma foi em Mendoza e a outra em Neuquén, ambas na Argentina. As pessoas de lá são tão calorosas e apaixonadas! Todos os DJs dizem que é ótimo tocar na América do Sul pela energia do público. Então, galera, nos vemos no Brasil daqui a pouco [rs], quando essa pandemia passar!

HM – E pra fechar, quais os festivais e clubs que você ainda sonha em tocar?

Tem muitos desejos que ainda quero realizar. Um, com certeza, é o Ultra Music Festival, mas acredite, há muito mais! Eu continuarei trabalhando duro :) 


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