Como o amor pelo audiovisual incentivou Redu X a adentrar o mundo da música eletrônica

Por Rodrigo Airaf

Foto de abertura: divulgação

Daniel Oliveira é uma pessoa que se conecta com a arte de maneira íntima e ampla. Íntima, porque tem influência da música desde pequeno, com olhar e ouvidos atentos para tudo o que passava por ele — inicialmente, o rock n` roll. Ampla, porque dada essa conexão, deu um jeito de permear sua vida profissional nos caminhos da arte também. Entretanto, a maneira que encontrou de depositar seu potencial criativo não foi, primariamente, a dance music. Foi o audiovisual.

Hoje, aos 30 anos, antes de virar Redu X ou de completar a maioridade, Daniel era cinegrafista. “Desde meus 13 anos fui influenciado pelo meu primo que é fotógrafo, aos 15 anos já fui trabalhar em uma produtora como estagiário, a partir dali meu foco quase que completamente foi direcionado ao ramo do audiovisual. […] em minhas primeiras experiências com cobertura de festas eletrônicas, videoclipes e acompanhamentos com alguns artistas em tours, eu bebia de muitas referências dos videomakers gringos. Esse tipo de conteúdo na época e para a cena no Brasil era algo extremamente inovador, poucos artistas e festas tinham um material audiovisual parecido ou que chegassem ao menos próximo, ainda mais se tratando do que eu procurava atingir, refletindo parte das minhas referências e estudos nos meus trabalhos”, conta.


A música eletrônica veio quase por osmose na vida de Daniel, que percebia a potência da música eletrônica através das tendências com as quais entrava em contato. Quando completou 18 anos, passou a fazer cinegrafia para eventos e fez-se assim, naturalmente, seu pacote de referências, com sons de artistas como deadmau5, Tiësto, Armin van Buuren e Kaskade, em um período que esses superstars de hoje ainda estavam pavimentando seus caminhos para o estrelato.

Devidamente “escolarizado” na dance music, chegou para Daniel a fase de se aprofundar na música eletrônica na mesma medida que via, dos bastidores, os movimentos tomando forma. Em mais de 15 anos de carreira no audiovisual, então, ele acumulou um impressionante currículo de eventos. Cobriu Kaballah, Green Valley, Tribe, Só Track Boa, Ultra Brasil, Electric Daisy Carnival, Ame Laroc Festival e Time Warp; acompanhou as turnês de Neelix, Chemical Surf, Victor Ruiz,Liu, e Vintage Culture onde o mesmo também trabalhou em alguns de seus videoclipes. 


“No meio dessa história, acabei conhecendo um admirador dos meus trabalhos audiovisuais que, com o tempo, virou um grande amigo, o Murillo Tavares. Ele era DJ e produtor, com a troca de conhecimento que obtive com ele, aprendi a dar os primeiros passos na produção de música eletrônica. Infelizmente, após uma longa batalha que o Murillo travou contra o câncer, ele acabou nos deixando, isso virou um gatilho para tentar de vez me ingressar na música e seguir meu sonho como DJ e produtor”, relembra Daniel.

Os caminhos fundiram-se. Qualquer pessoa entenderia que, com a alçada que Daniel havia criado com seu trabalho como videomaker, os contatos que começou a fazer, o conhecimento que ganhou vivendo as experiências naqueles eventos, gravações e bastidores, já era meia caminhada para os palcos. Nascia Redu X. 


É claro que seu senso estético ajudou em sua trajetória. Se hoje o DJ não é mais somente um curador musical e o trabalho acaba envolvendo outras áreas, ao menos Redu X podia manusear seu equipamento para criar um bom material enquanto lançava suas primeiras faixas. Sua identidade visual foi reforçada desde o começo. Passeando pelas capas dos seus singles, principalmente, aqueles lançados de forma independente, Redu X apresentou sua comunicação visual, tão futurista quanto os nomes de suas faixas; elementos em glitch, fundos espectrais, colagens piradas e sobreposições. 


Reverberando sonoridades que podiam, juntas ou não, passear pelo techno, melodic techno, pop, house progressivo, indie dance, deep e rock, Redu X segue trilhando uma jornada de experimentação. Tal jornada nunca desprendeu-se de sua sensibilidade para transformar em inspiração não apenas o conhecimento técnico que ganhou em sua vida profissional, ou as influências musicais que vieram desde a época de metaleiro, mas os fatos de suas vivências mais marcantes.

“Tracks minhas como `Courage`, `Somebody`, `Rouse`, “Devices` e `Adrenaline` tiveram esse toque especial. A `Courage`, por exemplo, foi uma faixa que produzi dias após o falecimento do meu pai. Dediquei esse trabalho em sua memória, depositando na faixa tudo o que eu estava sentindo naquele período difícil”, conta Daniel.

Agora, Redu X conduz sua própria label, a inner.art. Suas produções também tem passagens por selos como Sirup / Muzica Records, Superlative Records, Cool 7rack Records, e House Mag Records. Este período pós-vacina também propiciou a ele mais apresentações ao vivo. Onde o exercício da criação se encontra com paixão pela arte, talento e intenção em se expressar, Redu X promete seguir alçando voos cada vez mais altos no cenário dance nacional. 

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