A irreverência do mar, do funk e dos cariocas do WHU

Por Lu Serrano

Foto de abertura: divulgação

Que os vocais de funk e em português nunca estiveram tão em alta, a gente já sabe. E carregando essa energia e o jeito made in brazil de ser, os DJs e produtores cariocas Igor e Lucas, do WHU, decidiram apostar em sua essência “da gema”, unindo o groove do funk às basslines potentes da música eletrônica em sua mais recente track, “Taka”, um remix oficial para Mc Gw.

Amigos de longa data, Igor e Lucas se conheceram em eventos no Rio de Janeiro, mas, foi apenas em 2013 que iniciaram o projeto, almejando line ups de grandes festivais.

Em 2015, esse sonho chegou, e embarcaram para Portugal, onde fizeram a primeira apresentação fora do país. WHU, que era um trio, se tornou posteriormente duo e, neste novo formato, com Igor e Lucas, os estudos se intensificaram com foco na produção musical.

Foto: divulgação

Mas, no meio desta história teve pandemia, e os produtores que comemoravam uma agenda de shows mais recheada, decidiram que usariam essa pausa forçada para descobrir uma nova identidade sonora e voltar com os pés na porta, “Taka” neles!

Batemos um papo com os produtores do WHU para saber mais sobre o projeto e seu recente lançamento, “Taka”, um remix oficial para Mc Gw. Play!

HM – Os vocais do funk vieram pra marcar presença na música eletrônica. Como vocês veem essa nova fase na produção musical?

O funk é um estilo que vem cada vez mais ganhando espaço, não só no Brasil, como no mundo. Temos cada vez mais artistas de funk ganhando relevância, como a Anitta, por exemplo, que hoje, apesar de ser uma cantora pop bem versátil, fazendo músicas em diversos estilos, ela sempre carrega com ela essa raiz do funk.

“E esse estilo, por se tratar de um ritmo com muito groove e muito elemento de percussão, vem casando muito bem com a música eletrônica”.

De início havia muita rejeição e separação entre o público desses dois estilos, mas, com o tempo essa barreira vem cada vez mais diminuindo. Nós vemos essa nova fase como algo desafiador, pois ao misturar dois estilos diferentes, o que vai fazer o seu som ser diferenciado é conseguir que o público do funk e o público da música eletrônica ache o resultado irado, valorizando os dois estilos.

HM – De onde veio a inspiração para “Taka”?

A inspiração para criar essa track veio de algumas músicas que nós vínhamos ouvindo e usando em nossos sets como a “Espirra O Lança”, do Jho Roscioli, “Stop Posing”, do Ragie Ban e do Duarte, além de um mashup nosso que costumávamos tocar da música “Ela É do Tipo”, do Kevin o Cris com a “Losing It”, do Fisher. Nós vimos o quanto elas respondiam bem na pista, principalmente, quando entrava a voz do funk e uma batida forte. Isso nos fez querer fazer uma versão que fosse autoral e que tivesse nossa cara.

HM – Como foi o processo criativo da track?

Na real, a ideia começou a ser feita sem vocal, apenas utilizando uns elementos de voz no pré drop, mas, a gente sentia que estava faltando algo para dar um gingado a mais e potencializar a batida da música. Foi então que ao começarmos a procurar uma voz pra música, a gente começou a pensar em testar vocais de funk, já que a gente já tinha ouvido algumas versões de músicas eletrônicas que utilizavam e tínhamos gostado muito do resultado. Até começamos a tocar uma ou outra no meio dos nossos sets. Foi aí que no meio dos testes, que não estavam ainda da maneira que a gente queria, nos lembramos que o Marshmello tinha tocado a música “Taca a Tcheca” do Mc Gw no Rock in Rio e decidimos testar.

Encaixou perfeitamente! E como a gente queria que realmente fosse uma mescla entre os dois estilos, não só usando a voz, decidimos trazer um groove do funk ambientado na parte melódica da música quando cai o primeiro drop, relembrando um pouco do funk carioca e um mini break no meio dos dois drops com uma batida característica do funk mais em evidência.

HM – Vocês uniram o groove do funk a um bass potente. Como foi alinhar essas características fortes de cada som sem perder a identidade?

De início o bass tinha uma outra pegada, com uma característica mais marcante do tech house. E conforme fomos testando as vozes, sentimos uma necessidade de sair do nosso conforto e fazer algo diferente do que a gente já tinha ouvido de músicas eletrônicas com funk. A partir do momento que conseguimos criar essa linha de bass atual, tudo fluiu mais fácil do que a gente esperava.

“E uma das coisas que priorizamos ao escolher a voz do Mc Gw, era como incluir elementos de batida de funk na nossa música, sem que mudasse repentinamente o estilo, mas, que se tornasse parte da música”.

Como o bass já tinha um groove muito bom, ficamos surpresos e bem satisfeitos quando juntamos com o groove do vocal.

HM – A faixa é um remix oficial, o que não é nada fácil. Como foi esse processo de autorização?

Cara, assim que finalizamos a ideia da música, decidimos mostrar para uma amiga nossa, a Camilla Brunetta, que é DJ de funk, e ela se amarrou demais na música. No meio da conversa, perguntamos se por acaso ela tinha o contato de alguém que pudesse conhecer o Mc Gw. Ela entrou em contato com algumas pessoas e na mesma hora conseguiu o número de um dos advogados da GR6 Explode, empresa responsável pelo Mc. Começamos a conversar com ele, mostramos a música e explicamos a proposta do lançamento. E pra nossa felicidade, eles adoraram o resultado e autorizaram via e-mail formalizado a colaboração.

Mc GW – Foto: divulgação

HM – O que o Mc GW achou da versão?

A gente não lidou diretamente com o Gw, tanto que a primeira palavra que trocamos foi numa live que ele estava fazendo no Instagram e comentamos sobre a música, foi quando ele falou diretamente com a gente, nos parabenizando e que tinha curtido e tal [rs].

Mas, pelo feedback que a empresa GR6 deu para gente, ele e toda equipe gostaram bastante.

HM – Se existe um ponto alto pra essa track no set, qual é?

Normalmente tem um momento no meio do set que é quando gostamos de explorar essas tracks com mais groove, inclusive, quando entra algumas músicas com voz de funk. É um dos momentos ideais, porque ali a gente já conseguiu esquentar a pista, então o elemento do funk vem pra incendiar, exatamente por serem músicas que animam muito com o estilo de letra, com o groove da voz.

Foto: divulgação

HM – Uma curiosidade sobre “Taka”!

A estrutura toda da música foi feita em um dia [rs]. Depois foram só os detalhes de trocar a linha e o timbre do bass e colocar a voz do Mc Gw.

HM – Ano acabando, quais são os projetos até o final de 2022 e o que vocês colocaram de meta para o ano que vem?

Estamos ansiosos por todos os lançamentos que ainda estão para sair, como um EP de três tracks em collab com o duo THALED que, além de grandes amigos, também tem um grande potencial no projeto. Já para o ano que vem, estamos almejando lançar ainda mais músicas, principalmente, collabs para que o projeto tenha cada vez mais visibilidade e, além disso, tocarmos em todo o Brasil. E pensamos também no lançamento de um álbum nosso!

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