Representante da renovação da cena eletrônica de BH, TREMBASE comemora três anos

Por assessoria

Foto de abertura: Débora Salles

A partir do encontro despretensioso em um pós-Carnaval, com amigos dentro de casa, brincando com beats, muitas experimentações e ideias sobre música eletrônica, há três anos a festa TREMBASE saiu da sala de estar de um apartamento para pilhar e ressignificar espaços históricos da cidade. Embalada pelo reflorescimento da cena clubber na capital, a TREMBASE comemora três anos com uma garbosa festa no Automóvel Clube, no centro de Belo Horizonte, nesta sexta-feira, 25, a partir das 22h. O evento marca a consolidação do espírito do coletivo mineiro, ao apresentar novos artistas, a exemplo gêmeas Tasha & Tracie, revelações do rap nacional, ao mesmo tempo em que se preocupa com ações para remodelar a função social e artística de cartões postais arquitetônicos da cidade  muitos deles elitizados ou pouco frequentados pela população.

Nascida em 2019, a TREMBASE bebeu na fonte direta das primeiras experiências de efervescência moderna da cena clubber na capital mineira, capitaneada pelos coletivos Masterplano, Mientras Dura e 101Ø, responsáveis por levar do techno ao house para locais improváveis, desde viadutos e terrenos descampados até edifícios históricos ou mega festivais de música popular. “Esse contato mais próximo com algumas das pessoas que estiveram à frente desse reflorescimento da cena belo-horizontina foi uma influência muito forte para a formação do coletivo. Isso nos deu ainda mais certeza do que queríamos fazer e trazer para BH”, conta André Ribeiro, um dos produtores do coletivo.

A TREMBASE é formada por sete produtores, sendo cinco deles artistas residentes da festa, e aposta em um universo multifacetado de influências eletrônicas, do house ao disco, passando pelos tradicionais ritmos brasileiros, transitando ora por vibes tropicais, ora dramáticas, ora sensuais, a partir de propostas plurais e inovadoras. Além de André Ribeiro e Débora Salles na produção, as experimentações sonoras são responsabilidade de Xoxottini (Giovana Schettini), Waguinnnn (Wagner Muller), veiga! (Gabriel Veiga) e os projetos Serra das Máquinas (Leonardo Thebit) e Aucna (Diego Lucas), duas das raras propostas ativas em Belo Horizonte de live PA: projetos que tocam sets de músicas autorais, executadas ao vivo, com instrumentos eletrônicos.

Equipe TREMBASE – Foto: Diego Lucas

“Além de dois dos poucos projetos a trabalhar com live PA na cidade, contamos com residentes que possuem identidades artísticas muito definidas e únicas, como, por exemplo, Xoxottini com sua sonoridade densa, dramática, misteriosa e sensual; Serra das Máquinas e sua combinação de música de pista com tradições rítmicas regionais brasileiras; Waguinnnn com suas influências de disco e house music; veiga! trazendo sua leitura do som mais tradicional das pistas clubbers; e Aucna com seu live eclético e imersivo”, destrincha André.

A sonoridade intempestiva da TREMBASE vem acompanhada de um trabalho estético e arquitetônico fundado em uma leitura crítica da sociedade contemporânea. Com esse pensamento, o coletivo ocupou, neste ano, o histórico Edifício Acaiaca, datado de 1943, o mais alto de Belo Horizonte, com 120 metros de altura, localizado no coração da cidade; e o terraço do Edifício P7 Criativo, prédio projetado por Oscar Niemeyer em 1953, considerado um dos principais cartões postais do centro da capital. “A gente produz pensando em tudo: na experiência sensorial completa, no contexto, no local, na cenografia, no som, na performance. Esses dois eventos foram locais desafiadores pela restrição de público e de horário. No Acaiaca, tivemos que fazer duas noites. Mas foram novas experiências: um prédio histórico lindo, uma das vistas mais bonitas de BH”, diz André.

Santíssima TREMBASE – Foto: Esley Rodrigues

 

Automóvel Clube: beats e luxo

Para a grande festa de três anos, a TREMBASE vai ocupar o Automóvel Clube, imponente prédio tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG), localizado na esquina das avenidas Afonso Pena e Álvares Cabral, em frente ao Parque Municipal, e abarcado por uma impecável decoração neoclássica, com direito a lustres de cristal, mármore e imensos vitrais coloridos inspirados nos palácios europeus. Ainda na primeira metade do século XX, o espaço de festas, subdividido em vários grandes salões, foi o principal ponto de encontro da elite mineira, sendo frequentado pelos ex-presidentes Juscelino Kubitschek e Tancredo Neves.

Pela primeira vez a TREMBASE irá promover duas pistas simultâneas, durante toda a noite. No Salão Dourado será instalada a pista principal, com os headliners do evento. Já no Salão Príncipe de Gales, que é interligado ao Salão Dourado, haverá uma segunda pista para receber artistas convidados, propiciando ao público uma imersão eletrônica heterogênea. “O Automóvel Clube foi a locação perfeita porque dá continuidade à série de eventos realizados em prédios históricos no centro de Belo Horizonte, que promovemos no segundo semestre de 2022. Na primeira metade do século XX, apenas aqueles que carregavam o sobrenome de alguma tradicional família mineira podiam ser sócios e fazer uso do espaço. Poder romper com essa história burguesa de segregação e conservadorismo, trazendo nosso evento, nosso público e nossa proposta político-artística para aquele edifício, é muito forte e simbólico”, avalia André.

Shows, DJs e performances

 

Para além da presença dos residentes da TREMBASE, a exemplo da dobradinha promovida por veiga! e Waguinnnn especialmente para o evento, a festa reúne um núcleo de peso da cena mineira e nacional. As headliners do evento são as gêmeas Tasha & Tracie, revelações do rap tupiniquim, naturais da periferia da cidade de São Paulo, e das principais expoentes do movimento “Expensive Shit”, de valorização da autoestima e autonomia de jovens negros periféricos, a partir de uma atitude que une arte, conhecimento, moda e informação. Aos 27 anos, a dupla esteve no palco mundo do Rock in Rio, a convite de Ludmilla; no festival Primavera Sound (2022), e é atração do Lollapalooza, em 2023. Além delas, a noite conta com o flow das MC’s Inza Princess, GDD e Linguini.

Nas pick ups, o som é embalado por alguns dos principais talentos da música eletrônica em Minas Gerais. Entre eles, João Vitor Costa, a mente inquieta por trás do projeto Omoloko, um dos fundadores da pioneira festa 101Ø. Natural do Rio Grande do Norte e radicado na capital mineira, Omoloko tem passagens por algumas das maiores pistas eletrônicas do mundo, como Berghain (Berlim) e Dekmantel Festival (Amsterdã). Outra cria da festa 101Ø, a DJ, produtora e ativista cultural Bárbara Egídio, com passagens por grandes festivais como Sarará e XAMA, também é presença confirmada e apresenta um set enérgico, mesclando referências potentes de house e rap underground.

 

Completam o line up a DJ Romana, residente da Masterplano, e conhecida por explorar variações de BPM constantes entre techno, bass, house, electro e breakbeats, indo de percussões vibrantes até timbres sujos e imersivos; a DJ Bonina, residente das festas Batekoo, Silicose e TUMULTO, e ávida pesquisadora de ritmos urbanos e periféricos do Sul global, passeando por referências de house, ghettotech, club e funk; a DJ Ingridients, co-fundadora do selo Bliss, conhecida pelos sets groovados de house, dub e techno, permeados por marcantes linhas de baixo e boas pitadas de acid; e o DJ Thirrango, residente do coletivo Plano, que acaba de lançar o EP “Saveiro Cimentada” (2022), repleto de beats de UK Garage sobre clássicos do funk/pop dos anos 2000.

 

As intervenções visuais e performances ficam por conta dos artistas AmerikanaAimee DezonOuro PretinMolier e ULHÔA.

Garanta seu ingresso aqui.

Deixe um comentário

Fique por dentro