ENTREVISTA: Gabe e Tough Art levam a malemolência do swing brasileiro para as pistas em nova track

Por redação

Foto de abertura: divulgação

“O encaixe certo entre um vocal em português e os elementos do tech house” é como Gabe e Tough Art definem a versão eletrônica de “Malemolência”, da cantora Céu, marcando a estreia dos projetos na gravadora CONTROVERSIA.

Os artistas, que já trabalharam em “Banger”, “You and Me”, “Good Times”, “Joker” e “Turntable”, lançam a primeira faixa juntos unindo brasilidade e qualidade sonora. A releitura de “Malemolência” é um sucesso desde que nasceu, sendo aclamada pelo público em todas as vezes que foi tocada nas pistas pelo Brasil. Saiba mais na entrevista com os produtores brazucas.

HM – Como surgiu a ideia de trabalhar com a faixa “Malemolência” da Céu?

Gabe: Eu e o Tough Art estávamos com a ideia de produzir uma track com vocal em português, mas sempre acabamos esbarrando na escolha do vocal. Daí, um dia quando estava em casa relaxando e ouvindo música, entrou na minha playlist “Malemolência” e na hora veio a ideia de usar ela como base, até porque, eu sempre gostei muito da Céu. Em seguida sugeri ela pro Tough Art e começamos a trabalhar em cima da base original, o resultado foi ficando muito bom. Pouco tempo depois começamos a tocar ela nos shows e o feedback do público sempre foi muito positivo, desde a primeira vez até hoje.

Tought Art: Nós e Gabe já vínhamos há um tempo procurando algum tema em português para um som novo. Um dia ele ouviu a faixa “Malemolência” da Céu, e sugeriu para que tentássemos usá-la como base, e no final deu super certa. Sempre que tocamos a música vai super bem na pista.

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Céu – Foto: Fabio Audi

HM – Como foi o processo com a Céu para a oficialização da versão eletrônica de “Malemolência”?

Gabe: A ideia de lançar a versão eletrônica da “Malemolência” partiu do Axell. A gente já vinha tocando ela nas gigs e o resultado era sempre muito bom. Foi então que ele entrou em contato com o André, empresário da Céu. A partir daí, eles cuidaram de todo o trâmite de liberação, direitos autorais e tudo mais até a parte da gravadora. Fiquei muito feliz que tenha dado tudo certo, porque além de ser uma cantora que eu admiro muito, a gente já vinha vendo o resultado da nossa versão nas pistas.

Tough Art: Depois que a música ficou pronta e começamos a ver o resultado na pista por meses e meses, o Axell comentou que a gente deveria lançar. Achamos que seria algo um pouco complicado pelo fato da Céu ser um ícone da música contemporânea brasileira e ter vários prêmios, incluindo dois Grammys. Mas depois de um tempo ele falou pra gente que estava em contato com o empresário dela, a coisa foi fluindo e acabou rolando a liberação. 


HM – Na opinião de vocês, qual a mensagem que a faixa transmite? O que vocês sentem?

Gabe: Eu acredito que a mensagem principal que essa faixa transmite, é que a união dos vocais em português com a música eletrônica dá super certo. Anos atrás, todas as músicas eletrônicas, originais, remixes, bootlegs, sempre apareciam com vocais em inglês. Isso mudou muito de um tempo para cá. Hoje vejo muitos artistas apostando mais nos vocais em português. Temos o Bruno Be com os rapazes do Breaking Beattz que fizeram a versão do MC Poze do Rodo, temos o Alok que já produziu diversas músicas com vocais em portugues com diversos estilos musicais. Acho isso muito legal. O Brasil tem evoluído muito em todos os aspectos de produção de música eletrônica.

Tough Art: A mensagem principal é que a união da MPB com a música eletrônica, se bem trabalhada, pode gerar um ótimo resultado. Isso ficou muito claro quando nos deparamos com todo o público cantando como se fosse um coral em cada vez que tocamos a música. Conseguimos fazer o encaixe certo entre um vocal em português e os elementos do tech house, sentimos que estamos mostrando para muitas pessoas que a cultura musical brasileira é muito rica em todos os estilos musicais.

HM – Vocês parecem ter uma boa relação, já tendo trabalhado juntos em outras tracks, como “Banger” e “Good Times”. Como aconteceu esse encontro em “Malemolência”?

Gabe: Sim, sempre que estou no studio com os rapazes do Tough Art saí música boa. Temos gostos bem parecidos e eles são ótimos produtores. A versão da Malemolência veio antes de outras tracks, como a “Banger” por exemplo. Na ocasião da Malemolência, a gente estava procurando um vocal em português, estávamos meio que travados nessa ideia. Um dia eu ouvi a versão original da Céu em casa, e tive um estalo. Chamei eles e partimos pra cima com a ideia e deu super certo. Sempre que a gente toca ela na pista vai super bem.

Tough Art: A gente tem uma ótima relação, nosso gosto musical é bem parecido então fica muito fácil produzir música junto com o Gabe. Nós já trabalhamos juntos em umas sete faixas, a “Malemolência” será o nosso quarto lançamento junto. Nós estávamos começando uma ideia e estávamos buscando um vocal em português. O Gabe curtiu e depois de um tempo sugeriu que usássemos a “Malemolência” como base. Fomos trabalhando em cima da ideia e deu super certo, e o resultado  é esse que vocês vêm ouvindo nas pistas.

HM – Vocês já carimbaram a sonoridade dos projetos em diversas gravadoras nacionais e internacionais e agora fazem sua estreia na CONTROVERSIA, gravadora de Alok. O que você pode falar sobre isso? 

Gabe: Poxa, é um feito muito legal. Até mesmo porque, essa nova versão da “Malemolência”, é um tipo de som completamente diferente do que a CONTROVERSIA costuma lançar. A label vem desenvolvendo um trabalho muito legal no Brasil, o próprio Alok desempenha um papel fundamental em alavancar nomes brasileiros através da sua gravadora. Ele é um cara com um pensamento macro, que quer ver o Brasil cada vez mais forte no cenário da música eletrônica. Eu, Alok e Bhaskar somos muito amigos, e eu só tenho a agradecer pela oportunidade.

Tough Art: Estamos muito felizes com essa estreia, já que a CONTROVERSIA, sem dúvidas, é uma das gravadoras nacionais com mais impacto no cenário brasileiro. O Alok tem feito um ótimo trabalho com a label. Acreditamos que não teria uma gravadora melhor no Brasil para lançar uma música como essa.

HM – Explorar a cultura brasileira musical e trazê-la para o universo da música eletrônica é abrir uma porta de oportunidades para que milhares de pessoas conheçam e valorizem o que temos por aqui e, com a sua versão de “Malemolência” não será diferente. Como a inserção da brasilidade enriquece a música de vocês

Gabe: Como eu disse na questão acima, até um tempo atrás havia um bloqueio em quase todos os produtores, em usar vocais em português. Eu não sei se tem a ver com o vocabulário, ou se é mais uma questão de hábito de sempre usar o inglês, mas acredito que esse trabalho enriquece muito a todos os lados. Seja do cantor original que autoriza um remix, ou vice-versa. Tenho certeza que muitas músicas e cantores que não são do eletrônico, ficam conhecidos através de versões eletrônicas de suas músicas. Assim como uma grande parcela do público que não costuma ouvir eletrônico, acaba se interessando mais por esse estilo, depois que ouve uma determinada música de um cantor que ele costuma ouvir,  numa versão eletrônica. Então é algo que realmente soma e fica bom para os dois lados.


Tough Art: Então, nós gostamos muito de tentar trazer essa brasilidade pra nossa música, pois como vocês disseram é uma oportunidade e tanto para os brasileiros e para os gringos também, perceberem que temos muita coisa boa aqui. Também acreditamos que uma faixa como essa, enriquece muito a música eletrônica, porque atinge muitas pessoas, principalmente as pessoas que não são tão ligadas ao cenário eletrônico.

HM – Para finalizar, quais spoilers podemos esperar para 2022?

Gabe: Acho que é um momento delicado para dar spoilers. o cenário ainda se encontra num um pouco instável. Mas posso adiantar que vem mais música com vocais em portugues. Posso adiantar também que esse ano estarei mais focado na minha gravadora, trabalhando novos talentos através dela. E algumas outras novidades que estou doido para contar, mas quero esperar nosso mercado ficar devidamente estabilizado. Estou muito feliz com o momento que estou vivendo em minha carreira atual, e as expectativas são as melhores possíveis.

Tough Art: Acho que spoiler para 2022 é que tem muitas festas e clubs irados pra gente se apresentar esse ano, e também temos em mente alguns artistas que queremos fazer collabs para esse ano. Esperamos que seja um ano de muito trabalho e repleto de grandes lançamentos como esse.


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