Vício criativo: Felipe Fella não passa um dia fora do estúdio

Por Isabela Junqueira

Foto de abertura: divulgação

“Acordar, fazer um café e produzir até almoçar. Almoçar, tomar um café e produzir até dormir [rs]”. Entre projetos paralelos, viagens para tocar e a produção e atuação em algumas festas pelo Rio de Janeiro, diariamente, Felipe Fella encontra um tempo para entrar em estúdio. A vontade de criar que o artista carioca desenvolveu é notável e a provável causa de tantos lançamentos expressivos pelo Tech House que fizeram a indústria virar seus olhos para o carioca.

Quer uma prova? Entre os suportes que o produtor já recebeu, estão Classmatic, Cloonee, James Hype, John Summit, LouLou Players, Ramin Rezaie, Michael Bibi, Chelina Manuhutu eSolardo — alguns dos grandes nomes globais do gênero. Cr2, Criminal Hype, CUFF, Farris Wheel Recordings e LouLou Records são alguns dos selos que abrigam faixas do carioca.


“Eu comecei a tocar muito cedo, ainda na escola. No começo da carreira eu tinha muitas gigs, havia menos DJs no mercado, mais da metade das pessoas que tocam hoje não tocariam naquela época porque os equipamentos não ofereciam tanta facilidade como hoje”, recorda o DJ, que afirma que hoje em dia não tem desculpa para errar uma mixagem. “O CDJ mostra o bpm em que a música está sendo tocada, coisa que antes era necessário o DJ descobrir pelo ouvido. Quando percebi que esse era o futuro, comecei a sentir que o que eu fazia não era mais tão especial, então comecei a produzir após 10 anos tocando”, conta.

Esse início ainda só foi “tardio” porque antes Fella não tinha um computador decente com os requisitos mínimos necessários, a grana para o pc só veio após alguns anos, em 2014, após produzir eventos desde 2008. “Juntei dinheiro por um bom tempo para comprar o iMac que uso até hoje e que mudou a minha vida. Com ele, finalmente consegui manter uma rotina diária de produção e as coisas começaram a andar”.

“Viciado” em produzir, o artista conta que desde que adquiriu seu computador a produção musical é algo que o acompanha diariamente. “Se o dia chegar ao fim e eu não criar algo novo, se não continuar um projeto em andamento, se não trabalhar numa mixagem ou masterização, ou seja, se não fizer o que eu poderia ter feito naquele dia, eu fico estressado”.

E a criatividade toda, vem de onde? Segundo ele, de outros produtores, conhecidos ou não. Caras como Gene Farris, Green Velvet, Max Chapman, Latmun, Detlef e Amine Edge são alguns que fazem parte do leque. “Nos primeiros anos de produção eram mais ou menos essas as minhas referências. Mais tarde, o surgimento e o sucesso da Solid Grooves e todo seu crew teve grande influência na minha forma de produzir e acredito que meu som tenha mudado bastante de lá pra cá. Não que eu tenha perdido as referências de antes, até porque Gene Farris ainda é o meu número #1 e sempre será. Para mim, o mais autêntico de todos”. Mas Fella é daqueles que ouve muita coisa e se sente inspirado por muita gente, inclusive acha que estamos vivendo uma “era de ouro” no Brasil.

“Vejo que produtores cada vez mais novos estão conseguindo lançamentos e suportes significativos, isso nunca aconteceu antes. Fazer parte dessa época, mesmo já não sendo tão novo, e conviver com as pessoas que eu convivo, é muito gratificante pra mim. É muito motivador e inspirador ver o sucesso dos meus amigos e dos produtores brasileiros em geral. Me faz pensar que eu faço parte de um movimento e tenho muito orgulho disso”, afirma.

E, recentemente, as conquistas só aumentaram. “No final de março e no final de abril lancei na Silky e na Hellbent, novas gravadoras de dois produtores que admiro muito, o Ramin Rezaie e o Cloonee. Os lançamentos estão performando muito bem, pegamos vários tops do Beatport e muitos suportes legais. Espero que também curtam essas tracks”, conclui.

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