Benoit and Sergio voltam ao Brasil e nos concedem uma entrevista descontraída e profunda


Por: Nazen Carneiro
Foto: Will Calcutt

Benoit & Sergio produzem músicas que às vezes parecen cartas abertas; editoriais narrados nas vozes de, não identificadas, embora totalmente reconhecíveis, coloridas personagens de um pop music eletrônico e sensual.

O duo franco-americano se conheceu numa after party em Berlin e logo a combinação de sintetizadores e a mágica das letras pop culminou com a escrita de canções impressionantes lançadas por selos como Spectral Sound, DFA, Visionquest, Hot Creations e Culprit.

Benoit & Sergio surge de influências incomuns para o mundo do house e techno; bandas como The Talking Heads, Pavement e Roxy Music junto de intervenções eletrônicas de Daft Punk até Ricardo Villalobos. Todas estas influências tem ressonância em sua música, um melodrama sexual que se manifesta em letras sobre solidão, garotas francesas vinho e Ferraris.

Os últimos anos trouxeram a confirmação de que estava no caminho certo. Prêmios que mudam a carreira de um artista como iTunes Breakthrough Electronic Artists of the Year (2011), Resident Advisor Top 10 Live acts (2011, 2012), Vibe Magazine`s Top Duos (2013) e GQ Magazine`s top American electronic acts (2014).

Seu remix para Hot Natured de `Reverse Skydiving` teve reconhecimento como uma das 50 músicas mais inovadoras de 2013, assim como obteve reconhecimento similar `Your Darkness` da Pulse Radio (2014). No 30o Winter Music Conference de 2015 foram premiados como `Best Indie Dance / Underground DJ`.

De volta ao Brasil, a dupla conversou com a gente para a coluna TUDOBEATS e foi uma conversa descontráida e de quebra ainda cheias de dicas de músicas para fazer aquele upgrade na sua playlist.

 
HOUSE MAG – Muito obrigado aos dois por terem aceito trocar esta idéia descontraída! Sabe, eu sempre pergunto aos artistas quais músicas eles tem no seu carro (ipod, pendrive enfim). Acho que assim podemos entrar um pouco em contato com suas músicas favoritas neste momento. Podem, por gentileza, contar cinco delas pra gente?

– “Crush Songs” by Karen O. Amazing, short, lo-fi solo album by lead singer from the Yeah Yeah Yeahs.

“Depression Cherry” by Beach House

“Back In Your Head” by Tegan and Sara. Addictive pop jam from 2007.

“Take 1” by Black Pony Orchestra.

“Superstition” by Stevie Wonder (Soul Train version on Youtube).

 
HOUSE MAG – Dentro das suas influências, como ficam as escolas alemãs, francesas e americanas?

BENOIT & SERGIO – Não temos muita influência alemã na nossa música. A gente curtia muito o som da Perlon antigamente porque era um groove estranho. Mas era só isso. Grupos como Kraftwerk, Can, Cluster tem muito mais influência na gente, mas não são eletrônicos num senso contemporâneo. Estados Unidos e França nos iunfluenciam muito mais com certeza. Só que falar sobre influências é muito complicado, é como dizer de onde veio uma gripe. Ela simplesmente está no ar. Mas com certeza as exuberâncias americana e francesa estão presentes nas nossas coisas, isto não dá pra negar.

 
HOUSE MAG – Tem algo de diferente nas pistas brasileiras?

BENOIT & SERGIO – Acreditamos numa irmandade global de cidadãos de mente aberta na pista que curtem dançar e vivem pelo pulso do “Reino da Noite Sem Fronteiras”. O Brasil pertence a esta comunidade mundial das pistas sagradas.

 
HOUSE MAG – Vocês tocam dia 30 no Warung e 31 no D.EDGE, virada do ano. Quão sexy pode chegar esse momento na pista?

BENOIT & SERGIO – Tomara que possa ser tão sexy que até as paredes pareçam aquelas modelos da Victoria Secret, com lacinhos pretos em passarelas sem fim.

 
HOUSE MAG – As letras de vocês tem luxúria, uma relação entre sexo e música. Como que é isso?

BENOIT & SERGIO – É uma questão profunda. Alguns podem dizer que sexo e música são dois lados da mesma moeda com seus clímaxes, altos e baixos. Mas a sedução é mais interessante que o sexo, e música também. Então talvez outra forma de pensar isto está nos termos da relação entre sedução e música e a forma como ambos envolvem antecipar as fantasias de abundância.

 
HOUSE MAG – Quando vocês ouvem outros produtores, o que mais te chama a atenção?

BENOIT & SERGIO – A energia é o que te chama para a música… o timbre, a ternura, a qualidade do som, a forma como se encaixa em relação aos outros elementos da track. Isto chama nossa atenção.

 
HOUSE MAG – Vocês tem acesso a materiais de artistas do mundo todo. Como vocês filtram tudo isso para realmente chegar na parte que os interessa, ao ponto de fazer uma colaboração, por exemplo?

BENOIT & SERGIO – As músicas se pronunciam mais quando você não está esperando por elas. É como uma música que indicamos na primeira pergunta, da “Tegan and Sara”. Nunca tínhamos ouvido falar desta banda antes. Um dia, durante um jantar, alguém colocou esta música enquanto a gente tava comendo uns bolinhos de batata e tomando Bloody Marys depois de um show. A abertura com o piano foi como um gancho, puxando a alma de todos no jantar. Agora está no repeat (risos).

A música de tempos em tempos tem disto, de se relacionar com um determinado momento seu ou, até melhor, ela articula algo que você nem sabia que estava sentindo. Se você procurar muito por algo ou ouvir músicas demais nessa procura, fica chato.

 
 
 

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