Junior Lima e Julio Torres falam sobre Manimal, o novo projeto eletrônico da dupla

Por: Anderson Santiago
Fotos: Divulgação

O músico Junior Lima e o produtor Julio Torres lançaram oficialmente na semana passada, em uma festa para convidados na sede paulistana o Google, onde a House Mag esteve presente, seu mais novo projeto de música eletrônica, chamado Manimal. O encontro dos dois artistas não é inédito, já que, desde 2010 eles mantinham juntamente com o violinista Amon Lima o grupo Dexterz, que excursionou pelos principais clubes e festivais do Brasil até 2014, quando chegou ao fim.

Depois de um tempo curtindo um período sabático para pesquisar sonoridades e amadurecer seu conhecimento principalmente na música eletrônica, Júnior participou de algumas sessões musicais improvisadas com Torres no projeto Collab (transmitido pelo YouTube) e trocou muitas produções com o DJ nesse tempo. O diferencial do novo projeto, que usa batidas de house e techno com pitadas de rock e funk, são as composições autorais. Tudo é feito pelos dois artistas: da bateria, dos vocais e dos instrumentos tradicionais comandados por Júnior, até as batidas e harmonias eletrônicas acrescentadas por Torres. 

O primeiro clipe do projeto, da música “Think About It”, conta com participações de Ariel Goldenberg, Marco Luque, José Aldo, OSGEMEOS e Carol Trentini, mascarados, uma marca do duo – Júlio e Junior inclusive usaram máscaras para se apresentar no pocketshow de lançamento. Confira o clipe no final da entrevista!
 

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Batemos um papo com eles para conhecer melhor o Manimal.
 

HOUSE MAG – Como vocês se conheceram e de onde surgiu a ideia de trabalharem juntos?

Julio Torres: Nos conhecemos numa festa, num show meu no qual eu me apresentava com o Croossover (meu projeto que tenho há 11 anos com o Amon Lima). Nós conversamos e combinamos informalmente de fazer um dia um som juntos e isso acabou acontecendo numa festa de uma revista. Havia muita gente bem relacionada por lá e a recepção foi a melhor possível. A partir daí, os convites para tocarmos de novo começaram a surgir e fundamos, mais tarde, o Dexterz. Após isso, não paramos mais.

Junior Lima: O Manimal é um projeto mais autoral. Antes, nós tocávamos músicas dos outros, fazendo improvisações. Como a nossa agenda era muito cheia, me incomodava muito o fato de não criar. Eu sentia muita falta, pois sou criativo e toda a minha carreira foi baseada em produções próprias.


HM – Por que vocês decidiram encerrar o Dexterz e mergulhar em outra?

Julio: Não foi proposital, o projeto foi encerrando naturalmente. Nós trabalhávamos num ritmo muito forte, foram muitos shows nos quatro anos de Dexterz e nós não tínhamos muito tempo de fazer sessões em estúdio, então não lançávamos muita coisa –só rolaram um single e um remix para uma música do Roberto Carlos.

Junior: No começo de 2016, eu e o Júlio trocamos muitas músicas. Eu mandava coisas que tinha feito e o Júlio incrementava com elementos mais eletrônicos e sintetizadores, por exemplo. A coisa foi acontecendo, começamos a curtir o que cada um de nós fazia e o Manimal surgiu meio que naturalmente após isso.


HM – Qual é o grande diferencial do Manimal em relação a seus outros projetos?

Julio: Primeiramente, é a composição. Como não componho com o Crossover, conseguimos um bom material com o Manimal. Além disso, brincar e utilizar vozes nas produções também é novidade para mim.

Junior: Sim, o Manimal é meu projeto mais autoral até hoje. No Dexterz, por exemplo, nós tínhamos o violino, elemento inexistente agora. A produção passeia por caminhos bem diferentes e o resultado, automaticamente, também reflete isso.


HM – O Julio Torres é DJ há muitos anos, imergiu na música eletrônica há um tempo. E você, Júnior, como descobriu a música eletrônica?

Junior – Uma vez que você entra no mundo da música eletrônica e o bichinho te pica, é difícil sair dela. Eu sempre fui um pesquisador de sons diferentes e me aproximava às vezes da música eletrônica, ouvia muito electro-rock (tipo Soulwax), além dos DJs que tocavam quando ia à balada. Com o Dexterz, entendi que o universo eletrônico é realmente amplo e acabei me aprofundando nos gêneros e na pesquisa musical. O melhor jeito de você conhecer uma cena é estando dentro dela. Fiz shows em diversos clubes e festivais, de Sul a Norte do Brasil, e acabei mergulhando nesse universo. Hoje em dia saio pouco, abro algumas poucas exceções como ir ao D-Edge devido à boa programação da casa, mas quando estou em São Paulo, eu quero mesmo é descansar. Mas, em minhas andanças, me surpreendi bastante com locais como Manus e o Rio Grande do Sul, que têm uma cena muito bacana e clubes eletrônicos com ótima estrutura.


HM – Ter vindo da música pop fez você enfrentar algum preconceito quando começou a fazer música eletrônica?

Junior – Não. Eu sofri mais preconceito quando decidi apostar no rock (quando participei da banda Nove Mil Anjos), para falar a verdade. Quando migrei para a música eletrônica, as pessoas perceberam que eu estava fazendo a coisa certa devido à qualidade do que apresentávamos, então foi tranquilo até agora, pelo menos.


HM – Vocês têm planos de lançar disco e fazer turnês?

Julio – Sim, acabamos de lançar o primeiro single com o clipe da música “Think About It”. Temos mais de seis tracks finalizadas e nossa ideia é lançar uma faixa por mês, em média. Por fim, queremos fazer também um álbum, claro, que compile essas canções e outras novas, além de remixes que devem pintar. Isso tudo já está acontecendo, portanto, a nossa turnê vai começar com tudo em 2017, abriremos a nossa agenda já a partir de janeiro.

Assista ao clipe de “Think About It”:

 

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