Talento israelense, Moscoman fala sobre álbum de estreia, a paixão por Berlim e música brasileira

Por: Anderson Santiago

Não é só de trance que vive Israel. Bom, isso nomes como Guy Gerber já nos provou, não é mesmo? Mas o DJ Moscoman é mais uma evidência de que, sim, os israelenses também são fortes cena de house music, de onde também saíram outros nomes bacanas como Red Axes e Chaim.

DJ desde a adolescência, Mosco hoje mora em Berlim e também se dedica à produção: dono do selo Disco Halal, acaba de lançar o seu debut, o ótimo “Shot In The Light”, um compilado de faixas de house cheias de frescor que funcionam perfeitamente para uma boa pista. Ele esteve no Brasil recentemente para fazer uma pequena turnê do álbum e, entre as apresentações no D-Edge (em São Paulo) e no clube Vibe (em Curitiba), conseguimos bater um papo com o artista.  

 
 
HOUSE MAG – De onde vem esse apelido? Quando você descobriu a música eletrônica e decidiu tornar-se DJ?
MOSCOMAN – Moscoman veio de uma situação engraçada: um cara na porta de um bar foi anotar o meu nome e escreveu o sobrenome de forma errada (meu nome real é Chen Moscovici). Assim nasceu o Moscoman. Decidi ser um DJ bem antes de essa modinha de ter codinomes se tornar cool. Eu tinha só 16 anos e não foi uma decisão planejada, eu simplesmente amava tocar em festas de house e eletrônicas e nessa época também descobri a música eletrônica como ela é.
 
HM – Os artistas de house de Israel estão cada vez mais famosos. Esse é o estilo que permeia a música eletrônica underground das cidades israelenses?
MOSCOMAN – Eu tenho certeza de que, aqui no Brasil, você conhece muitos artistas israelenses, como Red Axes, Chaim e Guy Gerber, por exemplo. Israel é uma força líder nos dias de hoje no cenário comercial, underground e sempre foi no trance, em todo o mundo. A cena local é incrível, principalmente em Tel Aviv e Jerusalém, cidades repletas de bares e boates, com dezenas de DJs locais. Há muita música exportada também, tudo isso torna o país um hotspot musical dos dias de hoje.
 
HM – Como descreveria seu som?
MOSCOMAN – Se você é capaz de descrever sua própria música existe algo errado, na minha opinião. As definições só podem vir do sistema de referência de cada pessoa, para mim eu faço música para pista, ou seja, a música para dançar. Ela pode ser house, techno, disco, punk… você pode escolher a roupagem.
 
HM – Você pode me contar um pouco sobre seu álbum de estreia, “Shot In The Light”?
MOSCOMAN – Eu acho que a principal inspiração sobre fazer um álbum é seu processo de criação mesmo. No meu caso, foi um processo de trabalho de dois anos, gravado principalmente na minha casa, em Berlim. É um produto fruto de muitos anos em que moldei os meus ouvidos e encontrei o meu fio de certo de pensamento para fazer uma peça que faz sentido como um todo.
 
HM – Como criou o aclamado selo Disco Halal e como escolhe os artistas que fazem parte do roster?
MOSCOMAN – Disco Halal, como tudo, é um trabalho feito com esforço diário. A ideia por trás do selo é lançar músicas de amigos talentosos e,  graças a Deus, eu tenho muitos desses, viu? Já tinha pensado muito sobre ter meu selo e um dia aconteceu… o primeiro lançamento estava pronto… depois disso é só história! O Disco Halal ainda está aqui para servir a galera que eu respeito e em que acredito.
 
HM – Para um DJ, como é viver em Berlim? Ao mesmo o tempo em que você tem uma das maiores cenas do mundo na cidade, a concorrência deve ser muito acirrada, não? 
MOSCOMAN – Para um humano comum, eu acho que é uma das melhores cidades para viver, desconsiderando o clima, claro. Para um DJ, é um verdadeiro céu. Berlim é um caldeirão que contém um pouco das mais diferentes cenas eletrônicas e é líder em lançar novidades. Não há concorrência real, porque você não deve competir com seus colegas, há uma necessidade saudável de se tocar em todos os lugares, porque há muitos DJs, mas também há muitos, muitos locais para se tocar aos fins de semana. Quanto mais DJs há, mais você pode brilhar se você tem um diferencial e essa situação cria um ambiente muito criativo.
 
HM – Você conhece música brasileira e a nossa cena eletrônica?
MOSCOMAN – Tenho um bom conhecimento da música brasileira e da cena local sim, especialmente samba e música clássica, que são as minhas favoritas. Conheço também a galera da Selvagem e o clube D-Edge, e sei que são realmente incríveis.

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