Por: Bruna Calegari
*Entrevista da capa de 10 anos da House Mag, onde Aninha divide o protagonismo com mais 19 mulheres que trabalham em diversos setores da indústria de música eletrônica.
Anna Paula Cabral nasceu em Blumenau, Santa Catarina. Além de DJ e produtora, é sócia-fundadora da agência 24bit, com sede em Curitiba. Por trabalhar na noite há 18 anos, tem a experiência necessária para manter a tranquilidade nas pistas e fora delas, não se deixando levar por estereótipos. A única residente feminina do Warung Beach Club tem uma maturidade rara como artista e também nos negócios.
HOUSE MAG – Em quais mulheres você se inspira e acredita que isto reflete no seu trabalho?
ANINHA – Antigamente me inspirava mais nas artistas. Do ponto de partida: Denise, a modelo gaúcha (na época namorada do Gabo – DJ argentino), que tinha um gosto muito refinado para deep house. Depois Ellen Allien e Anja Schneider, mulheres que além de DJs/produtoras de personalidade, são empresárias, a frente de selos de música, no ramo da moda, programa de rádio de grande audiência, eventos, etc. Hoje me inspiro em tudo que faça meu olho brilhar, que me desperte curiosidade e até mesmo pelo completo silêncio. Mas em se tratando de mulheres: as da família, amigas queridas e as que me chamam atenção de alguma forma – sendo intelectualmente e/ou por suas personalidades fortes.
HM – Qual é a sua opinião sobre a maneira que muitos clubes e festivais estão inserindo mulheres no line-up? Acha justo ou um pouco forçado?
ANINHA – Nesses quase 5 anos de experiência como empresária, minha forma de enxergar os acontecimentos mudou muito. Tive a oportunidade de opinar/auxiliar e acompanhar o raciocínio na hora da montagem dos line-ups de clubs/festivais como: Vibe, Warung, Tribaltech, Warung Day Festival, e digo que no Brasil existem inúmeras questões envolvidas para que o evento aconteça que vão além do sexo – disponibilidade do artista, valor de cachê, se há interesse do mesmo se apresentar no País em determinadas épocas do ano, se o line-up ficará interessante para o público, se haverá retorno financeiro suficiente para uma próxima edição e por aí vai. Sobre achar justo ou forçado? Sou tão tranquila. Se a oportunidade de tocar acontecer será lindo, mas se não der, tudo bem também. Tudo a seu tempo.
HM – O que a fez se tornar DJ e posteriormente produtora musical?
ANINHA – Foi muito natural. Naquela época, como todo início, era tudo mais romântico, não havia essa preocupação com a imagem ou “em se tornar” um artista famoso. A produção da mesma forma, pois sou curiosa e gosto de lidar com o novo, então baixei os programas e quis aprender. Até hoje estou em constante aprendizado, diga-se de passagem. Há sempre algo novo que um amigo te ensina, um tutorial, um plugin… Evoluir é não parar.
HM – Quais são seus melhores momentos da carreira?
ANINHA – Sou muito grata com tudo o que aconteceu comigo nestes 15 anos de carreira e foram diversos momentos lindos, como tocar no Baturité Extreme (2003) com grandes nomes da época; a residência no Club Vibe (2003); a residência no Warung (2005); Skol Beats (2006); tocar no Circo Loco DC10 Ibiza (2006); a primeira gig na Alemanha (2007); minha primeira Tribaltech (2008), criar a 24bit com as meninas (2011), ganhar o prêmio de melhor agência no RMC (2014) e criar o AIA Records (2015).
HM – Você já sofreu algum tipo de preconceito por ser mulher?
ANINHA – Lógico, qual mulher não? De ambos os sexos. (risos) Infelizmente vivemos em um mundo, onde em pleno século XXI, o machismo ainda predomina em determinados países. Hoje levo bem na boa em determinadas situações, pois sou bem resolvida. Sinto que as próximas gerações pensarão de forma muito mais elevada, mais humanista.
HM – Algum novo trabalho ou EP que sairá em breve?
ANINHA – Sim. Tenho um EP com o Fabø que sairá pela Playperview, um remix para o Maax pelo AIA-D, outro remix que estou trabalhando para o Totoyov para abril/maio e meu EP pelo AIA-D para o segundo semestre deste ano.
Aninha preparou um Podcast delisioso para o House Mag Series especial “A Vez Delas”, onde mostra suas diversas infuências na house music, ouça já: