Onda bass house: o cross-over dos produtores nacionais em busca da linha de baixo perfeita


Por: Felicio MTX

*matéria originalmente publicada na House Mag impressa número 42 em dezembro de 2015


Após o levante do UK Garage, a música eletrônica britânica tem exportado cada vez mais wobbles oriundos do submundo do dubstep de Bristol. Essa leva já inspira uma turma nova que faz um cross-over brilhante de bass com house que decolou em 2015. Lembranças do fidget de Switch e Crookers? Não seriam em vão, mas a grande novidade de produtores como Motez, Foamo e Martin Ikin, aponta para um novo caminho sem volta entre o clássico feeling 90’s garage e a porrada de subgraves, e a pista agradece. O bass house tem duas facetas hoje, desponta na EDM de Oliver Heldens e dá um gás em festas de deep house.


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Kush 3D

Analisando o promissor cenário, pude conversar com grandes nomes e amigos que estão fazendo o grave tremer nos clubes e palcos do Brasil afora. Para a dupla de São Paulo Kush 3D, que já figura no selo Sleazy G, que lança de Amine Edge & DANCE a Shiba San, “a cena do deep que permanece na noite há anos ganha uma nova característica que está encantando as pessoas nas pistas. São linhas de bass orgânicas e encorpadas, timbres de 808 clássicos groovados e woobles desconcertantes”, explica o duo formado pelos irmãos Fernando e Leonardo Vasconcelos Sanches. “O bass transforma a energia do público. Uma pista de dança séria com sons retos pode se tornar monótona ao longo da noite”, completa.

 

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Nicolau Marinho

Outro expoente do gênero, Nicolau Marinho, compartilha da mesma visão sobre a renovação das linhas de baixo no campo harmônico vizinho. “Os sets de bass house se encaixam aos de deep proporcionando momentos mais altos e andamento mais fluídos. Acho que o gênero veio para somar com uma nova perspectiva de timbres e grooves e suprir a vontade da galera por novas sonoridades”, fala o autor de faixas lançadas pelos selos Grooverdose, Acid Fruits e Maze Records. Dentre as parcerias que estão por vir em 2016 estão Gabe, Dashdot, Thomaz Krauze e Tought Art.


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Hashmob

“Nós, produtores de música eletrônica, precisamos parar de ter medo dos estilos mais alternativos caminharem em direção ao mainstream, mantendo a essência do que realmente importa: música boa e inovação”, fala Elijah, DJ conhecido do núcleo de bass PartyHard que acaba de lançar o duo Hashmob. Com essa visão e um novo projeto de Live saindo do forno, o Hashmob promete democratizar ainda mais o gênero com sua residência fixa no Baixo Augusta. “A ideia é inovar no cross-over dos estilos, e estamos recebendo feedbacks bem positivos de tribos bem diferentes: os ‘bassheads’ e ‘clubbers’, juntos na pista”.

 

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 Nytron

 

“Conheci essa linha de bass house há uns dois ou três anos através dos gringos que vieram trazendo essa sonoridade pra cena”, conta o renomado produtor carioca Nytron, que recentemente bateu o top 3 de indie dance no Beatport, e agora segue diversificando na produção de seu álbum. “A inovação do bass house é muito boa pra cena porque traz de volta influências como Garage e também faz a fusão para união da house music com outros estilos como trap e electro. Eu, como sempre fui produtor de electro desde o começo dos anos 2000, gostei muito do que o bass fez pra cena trazendo de volta timbres bombásticos que funcionam muito na pista de dança.”

 

Bass continuum! Até a pixxta! ■

 

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