Artistas e profissionais contam sua experiência no ADE. E você vai se arrepender de não ter ido

Da redação
Foto: Divulgação

O ADE (Amsterdam Dance Event) é um evento crucial do mercado de música eletrônica. Durante cinco dias em outubro (esse ano de 19 a 23), todos os anos, Amsterdam recebe os principais artistas, managers, donos de clubs, festivais, promoters, marcas, jornalistas (incluindo nós da House Mag), RPs, e todos os tipos de profissionais da indústria, para debater tendências, tecnologia, ensino, produção, discotecagem, futuro da cena, negócios, fazer networking e fechar business. Além das discussões e painéis de extrema relevância (verdadeiras aulas e workshops que discutem para onde estamos indo e caminhos a seguir), milhares de festas espalhadas em mais de 100 lugares diferentes da cidade mostram as tendências de cada label / núcleo, fazendo com que a semana não seja interessante apenas a quem trabalha com isso, seja nos bastidores ou no palco, mas também para clubbers que querem curtir e dançar nossa boa música. 

Com tantas atividades – e ainda o fato de Amsterdam ser uma cidade linda e convidativa a ter sua diversidade explorada – é impossível acompanhar tudo; e se você não se planejar, vai se perder! Por isso conversamos com 14 brasileiros que fazem a cena acontecer no país e estiveram lá esse ano, seja palestrando, organziando eventos, fazendo networking, trabalhando ou curtindo, para compartilhar suas experiências e dicas e ajudar você a se preparar para o ano que vem. Cada um deles respodeu a estas 5 perguntas:

1 -) A conexão entre a cidade e o evento é algo incrível. Amsterdam fica toda envolvida, tem apoio dos órgãos públicos, instalações espalhadas, descontos em exposições, fica tudo conectado. Como foi a sua participação no ADE esse ano, qual era o seu objetivo e como aproveitou os dias em Amsterdam?

2 -) Participou de painéis e conversas de bastidores? Quais foram as discussões que mais te acrescentaram? O que você viu por lá em termos de novas tendências, movimentações?

3 -) Saiu pra dançar? Quais foram as festas, artistas e labels que mais te inspiraram dessa vez?

4 -) A cena brasileira vem sofrendo uma descentralização. Núcleos e ritmos estão saindo dos centros urbanos para outras partes do país onde muitos estilos ainda não chegavam. Isso é algo que já aconteceu em países onde a cena eletrônica é mais desenvolvida, como a Holanda. O que você viu de inspirador nesses dias em Amsterdam, que da pra investir na sua carreira, negócios e no mercado brasileiro?

5 -) Deixe suas dicas preciosas sobre a cidade de Amsterdam e a conferência, pra quem está planejando o próximo ano.

Veja as respostas:

 

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  VICTOR RUIZ, DJ e produtor, São Paulo, SP

1 -) Eu tive três gigs muito boas. Toquei num after hours na quinta-feira de manhã, feita pela Rusted, depois na sexta-feira em duas festas: SNOE showcase (onde fiz um b2b com Roy Rosenfeld) e komm schon Alter. É muito divertido tocar durante o ADE, pois tem gente do mundo todo lá. 

2 -) Eu não fui em nenhum painel (muita festa, rs) mas gostaria de ter ido na sexta ver o Richie Hawtin apresentar o mixer novo dele, o Model 1.

3 -) Sim! Fui com amigos no Awakenings na noite da Drumcode. Que lugar impressionante que é o Gashouder! A atmosfera da venue é única. Durante essa festa ainda tive a imensa honra de ouvir o Adam Beyer tocar o remix que o Bart Skils fez de uma faixa minha. Foi, pra mim, o highlight do ADE.

4 -) O que eu vi por lá, ou melhor, ouvi, que mais dá pra aplicar em minha carreira, foram os sets incríveis de DJs que admiro muito como Adam Beyer, Dense & Pika, Sven Väth e Sam Paganini. Juntando todas as experiências que tive por lá, com certeza vou trazer mais e mais dessa sonoridade pra cá.

5 -) Acredito que a localização da estadia é importante. Ficar perto da Dam Square e do hotel The Dylan (que é onde acontecem muitas conferências) é legal. Se você optar por ficar mais afastado, não tem problema. Só alugar uma bike ou pegar o tram, que você chega em qualquer lugar. Lá geralmente faz frio, então para nós brasileiros que não somos tão acostumados com o clima, vale comprar um winter jacket bom e impermeável. O melhor coffee shop que fui infelizmente não lembro o nome hahahahaha. Ah, e festa: vale muito a pena ir ao Awakenings em qualquer dia. É uma experiência única!

 

 

 

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 STÉFANO CACHIELLO, Sales Manager D-EDGE / D.AGENCY, São Paulo, SP

1 -) É muito interessante ver o envolvimento da cidade com o evento. Ao sair do aeroporto, ou até mesmo na estação de trem, já há outdoors, bandeiras e painéis sobre a conferiencia e as festas, desde Awakenings, festa principal do ADE, até festas mais pops de artistas de EDM. Me lembrou eventos importantes sediamos, como Copa do Mundo e Olimpíadas. Minha intenção (foi minha primeira vez) com o ADE foi participar dos painéis e ter um contato mais próximo com os profissionais da indústria, além de ver artistas inéditos. O saldo foi extremamente produtivo, agregando conhecimento e troca de informações. Fiquei surpreso com a quantidade de brasileiros que encontrei no dia-a-dia, a grande maioria com a mesma intenção de se especializar cada vez mais e contribuir com conhecimento para nosso mercado nacional.

2 -) Participei de diversos painéis, desde discussões sobre o futuro dos clubs em todo o mundo, que contou com participantes da Europa, Ásia e EUA, palestra com o boss Renato Ratier (a qual teve um público muito interessado em suas novas empreitadas, como o D-Edge RJ), keynote com o duo SLAM & staff da SOMA Records, e algumas sobre management e bookings. Resumidamente o que mais me marcou é que temos as mesmas dificuldades em qualquer lugar do mundo (claro que no Brasil ainda é mais difícil, rs), porém, vejo que a luta no momento, em diversos países, é mostrar para as autoridades que essa indústria realmente faz parte da cultura do dia a dia das pessoas,  geração de empregos, conteúdo e engajamento da comunidade, caminhando assim para mais suporte com relação a impostos, taxas, burocracia e toda essa parte legal que realmente pesa para qualquer empresário/empreendedor na hora de realizar um projeto.

3 -) Tentei ser assertivo com relação às festas, já que também quis ir aos painéis de dia. Meu destaque vai para o primeiro dia da label do Len Faki [FIGURE] sediada no Gashouder, que foi a maior fábrica de gás da Europa em meados 1900 e hoje sedia os principais eventos do Awakenings na cidade, com uma estrutura fantástica, tanto na parte de som, como de luz e pirotecnias. Cheguei cedo, acompanhado de um amigo que dividia a mesma expectativa que a minha sobre a noite, devido à sequência do lineup: Cleric > Roman Poncet > Jeroen Search (live) > Blawan, Octave One (live), Len Faki & Rodhad. Expectativa atendida! O live do Octave One apenas com máquinas foi surreal e inspirador, e Len Faki mostrou porquê a noite era sua assim que entrou, foi f$#@!/ No mais, tive o prazer de ver: D-Edge com Renato & Patrice Baumel, Marcel Dettmann, Ben Klock, Derrick May & Francesco Tristano, L_cio e mais um monte de artista foda!

4 -) Acredito que o futuro seja conseguir que tudo o que acontece no Brasil faça parte do calendário cultural do país, principalmente nas grandes metrópoles. Assim teremos cada vez algo mais sólido para o mercado trabalhar, desde clubs, artistas, labels e profissionais que fazem parte dos bastidores.

5 -) Com relação à estadia, se for com amigos, Airbnb é sempre uma ótima opção, se não, existem hotéis bons e com um valor em conta, porém, tem que se programar com pelo menos três ou quatro meses de antecedência, pois a procura é gigante e acabam rápido. Compre um chip de celular chegando à cidade e abasteça-o com alguns megas para poder utilizar o google maps e pegar indicações de lugares turísticos e gastronômicos! Meu conselho para 2017 para quem está pensando em ir: VÁ, não irá se arrepender! 




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 ELI IWASA, DJ e proprietária do Club 88, Campinas / SP

1 -) Uma das coisas mais legais é justamente este apoio oficial, algo que parece tão distante da realidade brasileira. Foi minha primeira visita ao ADE, então fui mais para conhecer o evento e sentir a experiência toda. O ADE me surpreendeu, não só pelas festas e pelos painéis e workshops, mas também pelos negócios e encontros com outros profissionais do mundo todo. Para quem trabalha na área, é quase obrigatório estar ali.

2 -) Um dos painéis que mais gostei foi com a Jennifer Cardini, chamado Clubs – Out of The Box, com pessoas do The Egg de Londres, do El Row e também de Shangai, que tem perfis bem diferentes de curadoria e posicionamento, mas que de alguma maneira sofrem com os mesmos problemas que os clubs brasileiros: especulação imobiliária, autoridades, e aquele dilema entre bookar headliners e artistas que vendem ingresso ou manter sua integridade artística.

3 -) Eu fui para isso! Aproveitei estes dias para descansar, ouvir outros artistas e dançar, espremidos em poucos dias, já que tive que voltar antes para cumprir com minha agenda no Brasil. Das festas grandes, fui na Afterlife, festa do Tale of Us com 3 pistas que contou com Mind Against, um b2b bafônico do Rodhad com o Âme, Mathew Jonson, e uma pistinha chamada Basement, onde fiquei a maior parte do tempo, ouvindo artistas como o Kiasmos e Gerd Janson, que fez um dos meus sets favoritos do ADE, tocando techno, house, disco e até Dead or Alive. Também fui ao Awakenings, na noite do Len Faki, mais para conhecer o Gashoulder e ver um pouco do que são as festas do Awakenings. Mas de tudo, o mais legal para mim foi visitar o pop up da Kompakt, no meio da Red Light District, que tinha uma pistinha para cerca de 40 pessoas. Cheguei um pouco antes para prestigiar o set do L_cio, e dei de cara com o Rebolledo tocando como atração surpresa. Para quem me conhece um pouco, sabe que adoro as produções dele e nunca tinha conseguido vê-lo tocar antes. 

4 -)
 Perdi muitas festas que gostaria de ir porque voltei na sexta de manhã, mas percebi que os eventos mais legais foram festas menores, com uma curadoria musical que se arriscava mais, muito além do techno e house para bombar grandes espaços. Voltei com a ideia de fixa de continuar investindo em artistas mais conhecidos e eventos grandes aqui em Campinas, mas também apostar em bons nomes que não são tão conhecidos em eventos um pouco menores, e também aqui no club. Musicalmente, acho que DJs mais versáteis e com uma bagagem mais ampla vão se destacar nos próximos meses.

5 -) Demos sorte com o tempo este ano, heim? :) Em anos que vou à Amsterdam, nunca peguei dias tão bonitos com clima ameno nesta época do ano. Uma das coisas mais legais é que dá para fazer tudo a pé ou de bike, e descobrir restaurantes e lojas andando. Desta vez fui à exposição do Banksy e do Andy Warhol no Moco Museum, que estava incrível – e aproveitei para visitar todos os museus ao redor, incluindo os imperdíveis Van Gogh Museum e Rijksmuseum. Comi muito bem na viagem, em restaurantes como o Meneer Nieges, que tem uma vista linda, e o Happyhappy Joyjoy, de cozinha asiática, ambos deliciosos, ótimos drinks e uma galera bem descolada. E cuidado para não queimar a largada durante o ADE: tem muita coisa legal acontecendo de dia, muitas reuniões, encontros e workshops, além das festas à noite.

 

 

 

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 RAFAEL FERREIRA, DJ, produtor e sócio-diretor do The Garden, Joinville / SC.

1 -) Não conhecia Amsterdam, foi uma experiência fantástica. Uma semana foi suficiente para viver a cidade e participar do ADE. Fiz turismo, rodei incansavelmente a cidade, participei da conferência e fui em diversas festas. Fizemos a festa do The Garden lá e foi incrível levar a marca do meu club até Amsterdam, durante a principal semana de música eletrônica do mundo, e sendo um dos eventos oficiais do ADE. Foi um marco para a marca The Garden. Esta festa só foi possível graças à parceria formada entre o The Garden e a Tree Sixty One Records, gravadora com a qual estamos desenvolvendo grandes projetos para 2017. A festa foi no Luminaa Club (que recebeu outros eventos de diversos labels durante o ADE) e superou nossas expectativas, pois foi no domingo às 22h, depois da Elrow After Party. O Club Luminaa é pequeno e esperávamos de 50 a 100 pessoas. Conseguimos em torno de 140 pessoas em nosso showcase. Acredito que este número se deve principalmente pela linha de som que seguimos. No line up tinha Rafael Ferreira, Gustavo FK, OTTO, Guto Fernandes e Daniel Barros, uma linha de deep e tech house que agradou o público. Este foi um ano de experiências e aprendizado. No ano que vem pretendemos melhorar e muito nossa participação por lá, corrigindo nossos erros e aprimorando nossos acertos.

2 -) Participei de alguns painéis, mas sem dúvidas o que me chamou mais atenção foi o “Clubs Out Of de Box”. Nele alguns dos principais empresários da cena do mundo falaram como lidam para manter seus clubs sempre cheios, falaram dos desafios de se abrir constantemente e principalmente sobre sair da mesmice de viver somente em cima da contratação de grandes headliners. Me chamou muito atenção pois falaram algumas vezes que contratar headliners na Europa é algo comum, funciona até certo ponto, mas o que mais leva público é a experiência que você proporciona ao seu cliente. Isso ficou marcado na minha cabeça e essa lição trouxe de lá e pretendo aplicá-la a partir de agora em nossos eventos. Lógico, continuar trabalhando com headliners, mas proporcionar uma experiência inesquecível em todos os sentidos sempre aos clientes presentes.

3 -) Sim, estive em algumas festas bacanas, em destaque Awakenings no Gashouder, estive por lá duas vezes… Incrível. Além dessas, a festa da Defectded e a festa do Circoloco.

4 -) O que mais me inspirou por lá foi a entrega nas festas,. A experiência audiovisual é muito impactante, eles realmente investem no todo e não só em headliners. As festas cujo investimento era no todo, estavam todas cheias; as que investiam somente em headliner, muitas vezes estavam vazias. O público europeu procura algo a mais, além da música.

5 -) Para quem gosta de tomar cerveja, deve ir até o Heineken Experience. Para quem gosta de arte, vale passar no Museu do Von Gogh. Vale conhecer o Vondelpark, parque gigantesco no centro da cidade. Coffe Shops: vale conhecer o Bulldog, que é o mais famoso, e o Green House, muito bom. Restaurante tem um muito legal, nada turístico, mas uma espécie de bistrô chamado: B & D – Brut Restaurant Bar. Roupa que não pode faltar: casaco de Nylon que corte o vento e seja impermeável, se tiver capuz melhor ainda. O tempo lá não estava muito amistoso, chuva e frio a maior parte do tempo. Para aproveitar a conferência, minha primeira dica é estar com o inglês bem afiado, e outra dica é escolher dias para ir em festas e outros dias para pegar paneis. Conciliar os dois não é nada fácil. Para melhorar o networking a jogada é meter a cara. Com todos que conversei, de todos os lugares do mundo, acabei abrindo um novo contato e uma certa amizade e hoje estou tentando mantê-los. Todos que estão na conferencia estão lá com o mesmo objetivo, portanto, se você tem algum conteúdo interessante, não será difícil aprimorar seu network lá.

 

 

 

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 GROMMA, DJ, Curitiba / SP

1 -) Esse ano optei apenas pelas festas, encontrei vários amigos que moram na Europa e não vejo com frequência e consegui ver e ouvir artistas de alto nível que dificilmente passam aqui pelo Brasil. 

2 -) Os painéis e os bastidores são de extrema importância, quem vai pela primeira vez não deve deixar de participar. Muito conteúdo e informação para todos os segmentos do mercado. Mas como eu disse, esse ano optei apenas pela diversão.

3 -) Sim, muito rssss. Pra mim os highlights foram as seguintes festas: * VBX w/ Vera, Onur Ozer, Francesco Del Garda e Binh. (Fracesco e a Vera fizeram sets absurdos, e a venue era de muito bom gosto, intimista e um soundsystem absurdo.
* Hyte w/ Ricardo Villalobos, DandyJack, Dewalta, Troxler e Steve Rachmad. (As Warehouses da Hyte são famosas e sempre presentes no calendário do ADE, soundsystem poderosíssimo e mais ou menos umas 3.000 pessoas enlouquecidas dançando sem parar. Dewalta e Rachmad encerraram a noite com um b2b até então imprevisível e um tanto quanto curioso – pois pelo meu conhecimento eles têm uma linha de som bem diferente, mas arrebentaram, surpreenderam e foi absurdo.
* Dockyard Festival (a cereja do bolo) – Pelo segundo ano consecutivo compareci nesse festival que é pra todos os gostos. São 5 stages e um deles sempre é muito especial. Um stage dedicado a label [a:rpia:r], RPR soundsystem (Petre Inspirescu, Rhadoo e Raresh tocaram durante seis horas, pra uma pista abarrotada e cheia de sorrisos, ninguém ficou parado. 

5 -) Amsterdam com certeza absoluta é uma das minhas cidades favoritas, sua beleza é incomparável. Não deixe de visitar os principais museus Reijksmuseum, Van Gogh e Museumplein, o lindo Vondelpark, e claro, alugue uma bike e pedale sem destino pelas belezas dos canais, é realmente inspirador. Já tenho três ADEs na conta e recomendo pra quem não conhece. Sempre que possível vou querer voltar.

 

 

 

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 MONIQUE DARDENNE, MD/Agency, São Paulo / SP

1 -) Acompanho o desenvolvimento do ADE há alguns anos. Essa é a minha quarta vinda à conferência. É impressionante o crescimento de 2 anos para cá (desde a minha última vez). Esse ano eu vim para fazer alguns meetings sobre um projeto novo que irei lançar em breve, rever antigos amigos e fazer pesquisas. A cidade fica super envolvida com o evento, eu aproveitei muito, mas não tudo o que gostaria, pois é muita coisa pra fazer. Fiz bons encontros, gostaria de ter visto um pouco mais dos painéis e fui em ótimas festas.

2 -) Vi alguns painéis, mas atualmente estou muito envolvida e interessada em como o mercado está se comportando com relação à estratégia de lançamentos, venda de músicas, parcerias com plataformas digitais de streaming, seu retorno para artistas e gravadoras, também como está caminhando a volta a todo vapor da produção de vinil, mas que também não acompanha a velocidade do lançamento digital, e como labels e gravadoras, tanto do mainstream, como do underground, lidam dentro de seu mercado. Mesmo sendo tudo música eletrônica, os comportamentos mudam de um público a outro. 

3 -) Saí para dançar, e são nas festas que você encontra o núcleo que trabalha / compõe aquele certo label, os artistas amigos e se atualiza musicalmente. Alguns eventos que estive presente e me marcaram foram: DJ Cook com a Ellen Allien, a festa no Sugar Factory com um line up 100% feminino de peso (Ellen Allien, Magda, Cassy e Johanna Schneider), a festa da Terminal M & Tronic com os brasileiros Wehbba e Anna, o Live do Stephan Bodzin na festa do Maceo Plex e, pra finalizar, o que realmente me tocou foi a festa da Kompakt que vi um b2b do Agoria x Michael Mayer e dancei muito com o Rei Laurent Garnier.

5 -) Minhas dicas para curtir o ADE nessa época são: Esse período é frio e quase certo que sempre chove, é bom ir preparado para esse clima. Um restaurante muito legal e que te oferece uma experiência gastronômica é o FYRA. No domingo pós conferência, costuma-se encontrar vários brasileiros. Se for você para a Conferência, o ideal é se hospedar a metros do local, para economizar tempo. Foque no que você precisa fazer, mas esteja aberto para novas descobertas. Esse período reserva muitas surpresas e coisas inusitadas que não estão nos guias oficiais. 




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 MARCELO MADUEÑO, Coordenador de Eventos na Entourage, São Paulo, SP

1 -) Participar do ADE de forma completa é um desafio. São tantos painéis e workshops interessantes, reuniões estratégicas e festas com line ups de cair o queixo, que se torna primordial organizar-se bem e priorizar. Como coordenador dos projetos de eventos da Entourage, meu objetivo nessa edição foi (1) trocar experiências sobre modelos de negócio com organizadores de eventos locais, (2)  aprender sobre novas ferramentas de análise de dados do setor e (3) tirar algumas referências de organização, promoção e cenografia das festas.

2 -) Sustentabilidade. Esse tema esteve presente em diversos painéis, e tange festivais, produção, cenografia, mindset do público, economia de energia e incentivos fiscais.

3 -) Foram 4 noites pra dançar bastante! Como sou aficionado por Techno, escolhi passar pela sua estética mais “bruta”. Quarta fui ao Awakenings ver o showcase da Figure, selo de Len Faki, que contou com excelentes apresentações de convidados como Octave One e Blawan. Quinta foi a vez do selo de festas holandês Verknipt, highlights da noite foram Dax J e Luke Slater aka Planetary Assault Systems LIVE. Sexta: OFF! Sábado escolhi ver o Mago Jeff Mills, acompanhado por outros acts que esperava ver fazia tempo: Kareen Live (Surgeon + Blawan) e James Ruskin (melhor da noite). Fechei a semana novamente com o Awakenings. Apesar de ter gostado bastante da apresentação de Bem Sims, o resto da noite foi bastante “flat” pra mim. Serotonina nível zero.

4 -) Uma coisa ficou bem clara no ADE: clubes estão morrendo pelo mundo todo… e o Brasil não é uma exceção. Em tempos nos quais a experiência é cada vez mais fugaz, a sede de inovação por parte dos promoters e produtores de eventos precisa ser maior para atender o público. A música é o epicentro da noite, mas a cenografia, a interatividade das pessoas e a qualidade do serviço prestado começam a ser diferenciais. O que nos separa da Europa então? O baixo poder de consumo do cliente e o (ainda) insipiente incentivo cultural dos órgãos públicos.

5 -) Planejamento prévio é essencial. Mapeie todos os painéis e marque suas reuniões para não perder nada importante. Alugue uma bicicleta ou uma moto. Alguns prédios da conferência não são próximos e você aproveita para conhecer a cidade. Pegue leve nas festas para poder aproveitar a conferência com a mente saudável Coffee shops que recomendo: Abraxas. Larica: Porção de churros com Nutella da Rene`s croissanterie.

 

 

 

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 AMANDA CHANG, DJ, Rio de Janeiro / RJ

1 -) Meu objetivo foi conectar com profissionais da cena mundial , me inspirar com as mais diversas programações e me envolver na produção musical. Fortaleci, criei novos laços e comprei um Sintetizador Modular em Berlim. É importante para mim saber como funcionam as coisas. O sintetizador modular é um instrumento didático, quero de fato aprender de síntese sonora para poder criar meu próprio som! Ah…. Amsterdam é uma cidade incrível. Foi ótimo ter retornado depois de 10 anos, indo dessa vez pela busca profissional.Confesso, que no primeiro dia fiquei um pouco confusa com a minha localização, entre as tantas opções de festas, palestras e encontros. Na verdade, aproveitei mais as festas e encontros do que as palestras.

2 -) Comprei o passaporte para ter acesso livre às palestras e festas. Consegui assistir Ellen Allien e CASSY falando sobre a cena do passado e atual de Berlim. Acho muito bacana ver as mulheres sendo reconhecidas. Toquei em Portugal com a CASSY uma semana antes do ADE. Fiquei encantada com o profissionalismo dela e pela pessoa. No último dia deu tempo de conferir os novos talentos do ADE. 

3 -) Só não saí no primeiro dia, para conseguir me organizar. O start foi com elas: Cassy, Ellen Allien e Magda. Sensibilidade e harmonia. Coisa linda de se ver! Jeff Mills, com sua apresentação de live analógico e digital. Único e ousado. P.Anarog (Live) de Francesco Tristano e Derrick May. Improvisação, a mais pura e profunda. Pra mim., uma das melhores apresentações nos últimos tempos. Eu os conheci no Sónar, em Barcelona. Eis um projeto que não deveria demorar para ter no Brasil. Na festa VBX x Loud-Contact pude ouvir Francesco de Guarda. Minimal, house… que vibe leve e boa! Curti muito! Ricardo Villalobos começou elegante, e seguiu com uma linha massive e marcante. Foi super proveitoso assisti-lo! L_CIO se apresentou pela Kompakt. Ele é sempre muito bom. Orgulho. Não poderia deixar de ir na festa da D-Edge,e acompanhar essa projeção, sinto que a D-Edge  ganha cada vez mais espaço e respeito na cena mundial. E também fico muito feliz em ver os amigos e colegas DJs  brasileiros ganhando respeito na cena global. Terminei com Marcel Dettamann e Ben Klock. Ben terminou seu set com a track “Pressure”, do DVS1, de 2010, da gravadora Transmat. Foi energético e lindo! 

4 -) O leque de opções presentes no ADE é enorme . Vi grandes artistas tocando em um formato menor em suas próprias festas, desde uma sala para 50 pessoas até no Awekenings, que foi o palco mais grandioso que fui. A união faz a força. Imagine um RMC recheado de festas boas com muitas opções… J 

5 -) Fique em um lugar próximo da conferência. Se não ficar central, utilize o transporte público para poupar dinheiro. Eu só andei de táxi e Uber, gastei muito dinheiro com isso! Programa-se o quanto antes para aproveitar bem a conferência. Saiba seu objetivo: se a conferência, as festas, ou, os dois! Ah…. eu adorei ter ido à Phillarmonica de Amsterdam. Para quem gosta de música clássica, vale a pena.

 

 

 

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 RAFAEL ARAUJO, AIMEC (Academia Internacional de Música Eletrônica), Curitiba, PR

1 -) Foi minha primeira vez no ADE. Achei muito incrível, bem organizado. Talvez por ter sido a primeira vez, o entusiasmo e vontade de aproveitar tudo era grande. Uma programação extensa, voltada para todos os segmentos, setores e categoria de trabalho dentro da música eletrônica. Gente do mundo inteiro. Bom para quem gosta da parte dos negócios e para que gosta das festas. Workshops técnicos voltados para os DJs e produtores musicais. Painéis voltados para a parte de business, conceitual, cultural, social e comportamental do segmento. Fui como parte integrante da Association for Electronic Music, então obviamente meu foco principal era a conferência. Tive uma pequena participação no painel da Liilt de Speed Networking, dentro do ADE. Foi muito legal poder ir pela primeira vez para o ADE e já participar de um painel. O meu objetivo em ir para Amsterdam era realmente aumentar a rede de contatos. Sentir de perto as movimentações da cena, pois o ADE é responsável por muitas tendências que são sentidas no mercado do mundo todo, no período em que se segue. Aproveitei ao máximo, todos os dias da conferência. Andei muito de bicicleta; as conferências e eventos aconteciam em locais diferentes. 

2 -) Hoje a música eletrônica está bem globalizada. A linguagem que se fala é universal. Conversei com muita gente e a quantidade de cartões de visita trocados foi gigantesca. Precisa-se realmente ir preparado para uma avalanche de contatos. O próprio sistema online do ADE e seu aplicativo para celular é genial. Quando se cadastra para a conferência, você entra em um banco de dados da delegação inteira do evento. Milhares de pessoas, divididas por setores, em que você faz parte. Como o meu era de “escolas” (eu estava representando a AIMEC), muita gente que se interessava em contatar instituições de ensino apareceram. As discussões e conversas eram sempre de altissimo nível. Me pareceu que todos ficam realmente entusiasmados com as oportunidades que vão aparecendo. Já as novidades foram muitas. Novos equipamentos para DJ e produção musical, a nova febre dos sintetizadores modulares. Startups voltadas para segmento da música eletrônica e novidades tecnológicas

3 -) Meu foco neste ADE era realmente na conferência. E a enxurrada de reuniões com outras empresas era grande. Reuniões desde cedo, até o final do dia. E de bicicleta para lá e para cá, quando chega à noite você está exausto. Consegui ir em apenas uma festa, a Enter do Richie Hawtin. Foi incrível, estava sold out. Sempre que eu posso e tenho a oportunidade, não perco um set do Hawtin. Desta vez ele estava tocando com o novo mixer dele, o MODEL1. Uma mistura de live e DJ set muito bacana. Antes, no mesmo dia à tarde no ADE, fui ver o workshop dele apresentando o mixer e suas particularidades e achei super interessante. A noite fui vê-lo em ação e não deu outra. Uma noite daquelas.

4 -) Não é a toa que a Holanda tem uma série de DJs bem sucedidos. Desde a companhia aérea KLM (a qual voei) com seus canais de entretenimento voltados aos DJs holandeses, percebe-se que a música eletrônica faz parte da vida das pessoas por lá. Isso realmente é muito inspirador. Participei de master classes com o Armin van Buuren e Fedde Le Grand, que também foi muito bacana, ao ver como o ensino é tratado com seriedade por grandes nomes da cena eletrônica holandesa. Outros grandes artistas tem investido em ações voltadas para o ensino, o que me fez pensar por que no Brasil ainda não fizemos isso. Mas é para isso que serve o ADE, para inspirar a todos. 

5 -) Procure se hospedar próximo ao Felix Meritiz e do The Dylan, os locais principais dos painéis e workshops do ADE. Alugue uma bicicleta, você não vai se arrepender. Existem diversas locadoras espalhadas pela cidade. O preço é cerca de 10 euros por dia. Desta forma poderá se movimentar com mais rapidez e agilidade. Coffee Shops recomendo o Grey Area, Barney`s e Green House. Escolha entre a conferência ou as festas. É praticamente impossível conseguir fazer os dois ao mesmo tempo. O clima é frio, e chuva. Mesmo assim, pedalando você acaba se esquentando. Leve roupas impermeáveis. Não deixe de comer a batata frita, queijos e os waffles holandeses. E por fim, aproveite para curtir essa cidade belíssima que é Amsterdam.

 

 

 

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 ALEX JUSTINO, DJ e label manager (D AGENCY, Nin92wo, Warung Recordings, Steyoyoke), Goiânia, GO

1 -) Foi o meu segundo ADE. No primeiro fui à palestras e demais mesas sobre mercado, novas tecnologias, equipamentos recém lançados, workshops, além das festas, claro. Nesta edição fui para algumas reuniões voltadas para o meu selo, Nin92wo Records, e para acompanhar eventos de selos e produtores que me agradam. Infelizmente, pra pegar tudo o que queria, eu teria que me virar em 3 no mínimo, mas foi bem proveitoso.

2 -) Entre os produtores nas conversas informais que tivemos, o assunto sempre se voltava aos synhts modulares, novas marcas e kits diferentes para apresentações live e criação em estúdio. Realmente surpreendente as possibilidades e a quantidade de equipamento modular sendo lançada nos últimos tempos. 

3 -) Sai e fui bastante feliz nas escolhas. Na chegada já fui surpreendido por uma apresentação inacreditável e completa, musicalmente falando, do Henrik Schwarz & the Metropole Orkest, que aconteceu no Melkweg. Casa cheia e as faixas do Henrik sendo interpretadas por um palco cheio de músicos talentosíssimos. Foi uma experiência única. Quinta fui ao DGTL que acontecia em uma área portuária, em um galpão industrial fantástico com uma estrutura muito grande montada, onde ia rolar a Moisaic by Maceo Plex. Foi incrível, com destaques pros lives do Audion e do Stephan Bodzin, e o set do Maceo Plex b2b com Modeselektor, de arrepiar, até a ultima faixa . A sexta foi por conta da Enter Experiences, que aconteceu no Mediaheaven, um dos melhores espaços de Amsterdam, com estrutura impecável. Na noite, Richie Hawtin lançava o mixer Model1 com uma cenografia de palco incrível, som e iluminação perfeitos. Os melhores da noite na minha opinião foram Richie Hawtin com um set muito enérgico e a pista na mão o tempo inteiro, além do live do Recondite, que contou uma história incrível sem deixar a pista parar, com uma qualidade absurda.  Domingo fechamos com a festa de 20 anos da Cocoon, com um set de 3 horas do Sven Vath, e um set absurdo do Guy Gerber, com construção e faixas impecáveis. Mais cedo vi o live do Extrawelt, que foi muito bom. Esses foram os destaques dentre os eventos que tive a oportunidade de ir. 

4 -) Vários eventos pequenos e de qualidade, parceria entre núcleos locais e marcas de fora dão uma força extra ao evento. Isso no Brasil poderia dar um gás na cena, principalmente no lado underground. A soma de forças para a realização de um festival tipo o ADE é inevitável e este é um dos motivos da dimensão que ele tem, então acho que este pode ser sim o caminho para nossa evolução e desenvolvimento mais rápido. Isso já tem melhorado de uns tempos pra cá, mas ainda pode ser melhor aproveitado.

5 -) Este ano pegamos um apartamento no Airbnb que foi uma mão na roda para aproveitar bem o evento. Conviver com os locais, andar para comprar coisas no mercado, viver mais a cidade amplia a experiência. A localização é importante, acho que quanto mais perto da Central Station, melhor, para se locomover pegando poucos trens, ônibus e andando a pé, conhecer tudo. Além de ficar perto dos principais hotéis da conferencia, e de vários clubs.

 

 

 

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 JUKA PINSETTA, sócio do Club 88, Campinas SP

1 -) Realmente a conexão da cidade com o ADE é algo incrível, todo o comércio de modo geral “abraça” o evento e recebe calorosamente (apesar do frio) todos os convidados, seja ele de qualquer parte do mundo. Minha participação no ADE foi experimentar e ver na íntegra exatamente isso, o avanço ​desta conexão dos órgãos públicos vs o evento como um todo. Amsterdam respira ADE, em todas as partes vê-se bandeiras/ flags espalhadas pelos canais, restaurantes, bares e coffee shops servindo sua bebida com porta copo (bolacha) personalizada do ADE. Como produtor de eventos, aproveitei para conhecer e vivenciar este clima, estar diante das novidades em som, iluminação, logísticas e acima de tudo possibilidades de uma conexão entre Amsterdam e Campinas.

3 -) Sim, em várias festas, AWAKENNGS (Len Fabi, Octave One, ​​RØDHÅD​), ​AFETERLIFE AT LOVELAND​ (Mind Against, Âme vs ​​RØDHÅD​, Dixon e Tale of Us), LIFE AND DEATH ​(Axel Boman, Dj Tennis, Kink Live), DGLT X KOMPAKT (Kölsch, Michael Mayer vs Agoria e Laurent Garnier). Pra mim as atrações deste ano foram Dixon, Octave One, Kink Live e claro, o metre Laurent Garnier. 

4 -) Acredito que esta descentralização tardia vem pelo fato da burocratização e falta de apoio de órgãos públicos. É muito positivo que isso esteja acontecendo, tanto para levar a cultura e o que há de novidade desta cena para lugares que tem pouco acesso a tais informações, quanto para fomentar a economia destas áreas. ​Aqui no Brasil também estamos fazendo isso, fugindo das grandes capitais e migrando para municípios menos urbanos e consequentemente mais rurais. 

5 -) Foi minha primeira vez em Amsterdam, a cidade é incrível, o clima de entretenimento reina. Alugar uma bike é, sem dúvida, a melhor das opções; a cidade é plana. Faz bastante frio, aproveite para comprar roupas por lá, tem várias opções. O destaque de ponto turístico em Amsterdam são os coffee shops, restaurantes magníficos e sem dúvida o museu de Van Gogh. Aproveitei para ver a exposição temporária do Banksy. Os melhores networkings são os informais, dentro dos restaurantes e bares da cidade. Fiquei no Hotel Hera, na rua Herengracth, de frente pro canal, e tanto o dono quanto o recepcionista falam português. ​Um fato muito interessante no ADE é que todos os eventos que acontecem na cidade tornam-se oficiais, diferente do Sónar, por exemplo, onde em alguns momentos os eventos Off-Sónar acabam sendo tão interessante quanto o oficial. ​ 

 

 

 

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 FRAN BORTOLOSSI, DJ, Caxias do Sul, RS

1 -) Ano passado fiquei todos os dias na conferência. Esse ano fui para tocar na festa da Loulou Records que rolou na quarta-feira, onde fiz um b2b com o Kolombo. O evento deles foi bem bacana, de pista cheia o tempo todo. Além de tocar, estabeleci o objetivo de participar de algumas festas, fazer reuniões e curtir um pouco a cidade. Muita gente do mercado da música está lá e acaba ficando fácil marcar encontros. 

2 -) Não participei da conferência este ano, apesar de ter vários painéis que me interessariam. Pude analisar que, diferentemente do Sónar em Barcelona, e do Governo brasileiro, a Holanda têm um ótimo entendimento da música eletrônica e seus eventos, acolhe muito bem o ADE e tem orgulho da conferência na cidade deles.

3 -) O set que achei mais legal de todos os que eu ouvi foi o da Cassy. Uma mistura de house e techno na medida, bem dançante, com ótimas mixagens. Além dela, gostei dos sets do Mirko Loko e Carl Craig. Adam Bayer também foi ótimo. Em termos de festas e produção de evento, gostei muito do Awakenings. Pude conferir ao vivo o que sempre via nos vídeos na internet. E realmente impressiona o sistema de iluminação e leds do evento deles.

4 -) Acho que Amsterdam e Holanda vivem um momento muito maduro da música eletrônica. Praticamente todos os principais DJs do mundo estão tocando em algum club/festa durante a conferência. A receptividade e hospitalidade da cidade para a conferência é ótima. Além disso, o que chama muito a atenção é o diálogo aberto que existe entre o governo e as pessoas em relação às drogas. Em relação à minha carreira e investimentos no mercado brasileiro, acho que o ADE só reforça o que estamos fazendo aqui com a Colours (marca de festa que promovo). Vejo que o mercado brasileiro ainda tem muito o que evoluir com relação à música eletrônica e isso é uma ótima constatação.

5 -) Um dos lugares que fui e curti muito na minha primeira visita a Amsterdam foi o museu do Van Gogh. Conhecer a obra dele é realmente inspirador para quem aprecia e vive a arte. Um pintor que participou de vários movimentos artísticos e sempre manteve a sua característica, além de ser extremamente prolífico (algo que até assusta). O museu também fica ao lado da placa de I AMsterdam que todo mundo bate fotos :) Essa vez também conferi a exposição do Banksy, que foi bem bacana. Outro artista inspirador, com um viés político muito forte.

 

 

 

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 GABRIELA LOSCHI, Editora de Conteúdo Digital da House Mag e assessora de imprensa, São Paulo, SP

1 -) Foi meu segundo ADE e mesmo assim da aquela sensação de estar perdendo quase tudo rs Fui à trabalho, fazer a cobertura para a House Mag, e contatos para projetos em andamento. Consegui aproveitar bem os painéis e encontros, mas foi um desafio e uma correria enorme, pois muitas entrevistas estavam marcadas de madrugada, no meio das festas, quando eu já estava esgotada e queria dormir. Como assessora de imprensa, também aproveitei para trocar experiências com outras empresas de PR e entender as dinâmicas que estão sendo aplicadas em diferentes partes do mundo. Mesmo lidando com empresas, artistas, labels, jornalistas, assesores de imprensa e eventos no dia a dia do meu trabalho, estar lá, cara a cara, e vendo tudo acontecer de perto, tem um peso enorme se você souber absorver o que é interessante ser desenvolvido para o seu mercado / público. Consegui entrevistas incríveis para a próxima edição da revista, que por sinal tem uma ótima aceitação internacional, tive grandes ideias para colocar em prática em termos de assessoria, fiz novos contatos, parcerias, revi e dancei com amigos e também aprovetei muito a cidade. Ah, comi vários croquetes holandeses rs.

2 -) Muitos painéis discutiram a sustentabilidade, como palcos e estruturas ecologicamente corretos, redução de danos, etc. Como o evento tem o apoio dos órgãos públicos, há um acordo entre eles e a conferência para trazer temas que debatam a saúde da cena como um todo. Isso é fantástico, uma baita lição de civilidade. Como todos os anos, também se discutiu as ondas dos ritmos e estilos, como a utilização do trance em sets de techno, a alta do progressive house, a importância de se produzir algo criativo e menos dentro da curva, a previsibilidade de algumas produções.

3 -) No último dia escolhi uma noite de techno para encerrar, com amigos e artistas que não vejo tão frequentemente e adoro, como Marcel Dettmann no Awakenings e Ben Klock no showcase da Clockworks. Foi foda! Nos outros dias peguei leve mas não deixei de ver a Cassy (uma das minhas preferidas) e a Ellen Allien na festa comandada pelas meninas, coisa linda, Adam Beyer e Alan Fitzpatrick no showcase da Drumcode, Jeff Mills – fiz um roteiro mais techno dessa vez – e a apresentação mais linda de todas, o live do Francesco Tristano com o Derrick May. Também adorei o L_cio no pop-up da Kompakt e a festa do D-Edge estava lotada.

4 -) Acho sempre inspirador a forma como a conferência é montada e como os profissionais levam à sério o momento para fechar negócios, aprender, calibrar o networking, entender outras formas de pensar, fazer acontecer e compartilhar conhecimento. Acredito que uma grande lição seja a união e a forma como o evento principal apoia as festas e outras atividades na cidade. Imagino que no Brasil um dia isso possa acontecer, núcleos levando seus showcases para a nossa semana da música eletrônica durante o RMC, e que seja usado para debater como podemos construir uma cena sustentável e que não só atraia mais público, mas o eduque, para atrair os olhares dos poderes públicos.

5 -) Organize suas prioridades e esteja aberto às surpresas! Eu gastei muito tempo planejando a agenda, dividida entre entrevistas para a revista, cobertura de eventos e painéis, encontros, passeios pela cidade. Um dos que eu recomendo, se você gostar de bicicleta, é ficar uns dias a mais e passear pela área rural de Amsterdam que é LINDA! Da umas 5h de bike, e você volta revigorado! Que passeio incrível!

 

 

 

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FRANCISCO RAUL CORNEJO, sociólogo, São Paulo, SP.

1 -) O objetivo era tirar o melhor proveito da tarefa impossível de acompanhar tudo o que me agradava nas conferências e no festival, dar uma pescoçada na presença brasileira no evento, principalmente aquilo relacionado ao Dekmantel. Mas procurei neste ano me envolver mais naquilo que não está no cerne do evento: como as exposições, conversas paralelas, instalações e pop up stores.

2 -) Sustentabilidade foi o mote, em vários sentidos, mas Amsterdam tem urgência no tema porque a cidade cobrou os festivais locais no sentido de aprimorarem em 30% a eficiência ecológica até 2020.

3 -) Muita coisa, a maior parte estará em breve no Brasil, alguns eu acho q jamais virão… 

4 -) Quais partes do país são essas? Os núcleos urbanos ainda têm um enorme poder gravitacional sobre seu entorno. Não vi eventos novos em Pirapora do Bom Jesus ultimamente. E o que vi em Amsterdam me deixa mais desapontado do que inspirado, em tudo que se refere a eventos bem feitos, assim que me recordo da maioria do que temos por aqui. Fora o que já sabemos que será feito aqui com o Dekmantel e que temos no Tomorrowland e Sensation White, existe mais que um oceano de distância entre as duas cenas.

5 -) Se você quiser que as pessoas falem com você, deixei sua credencial à mostra enquanto estiver circulando entre as salas de conferência, fale com o povo, mostre seu trabalho, suas ideias, a maior parte deles está lá justamente para isso. O Conscious Hotel foi uma boa surpresa na qual fiquei hospedado perto do Vondelpark e, depois da dica do Dave Clarke, para quem sente necessidade de comer bem na cidade, repleta de armadilhas gastronômicas, sugiro o restaurante Castell e a Swwet Bob, uma loja de brigadeiros fundada por dois brasileiros. E se você gosta de vinil, Amsterdam é um paraíso.

 

 

 

 


 

 

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