Entrevista exclusiva com Illusionize, capa da edição 44 da House Mag


Por: Jade Augusto Gola – entrevista de capa, publicada na House Mag impressa #44

Em um vídeo no Facebook com mais de 500mil visualizações e 3.600 compartilhamentos, Pedro Mendes, o jovem por trás do projeto Illusionize, anda olhando para o horizonte. Em tom aspiracional, discorre sobre sua trajetória falando que não se pode perder a fé, nem a essência, e que devemos acreditar sempre em nossos sonhos. Isso é uma boa síntese do espírito e do fenômeno que têm sido a carreira desse jovem goiano de 21 anos, DJ desde os 15, produtor de hits e alçado no circuito e nas engrenagens bem-sucedidas da música eletrônica nacional.

O sucesso do Illusionize não é nenhuma ilusão, e tal fato foi comprovado pela oitava colocação do Top 50 DJs aqui da House Mag — posição que conquistou logo na sua estreia no ranking. A fama, o burburinho em torno de seu nome e a expectativa de uma longa e frutífera carreira ele credita a um fato: ama mixar e concorda, sem perder a modéstia, que sua boa técnica como DJ e a paixão pelo que faz é o que o tem impulsionado. “Quando percebi que tinha aptidão pra fazer aquilo que gosto e que era disso que eu queria viver, fui correr atrás do meu sonho.”

Rapaz de origem humilde, Pedro reconta sua trajetória sem constrangimentos ou angústias, se divertindo ao lembrar os percalços percorridos até chegar onde está hoje: a posição de DJ-revelação, prestes a entrar no panteão dos tops da cena brasileira. “Toquei na primeira festa ainda com 14 anos, e nem tinha fone! Só fui conseguir comprar um quando já estava como Illusionize, aos 18 anos.” Pedro tampouco possuía um computador, e ao trabalhar numa lan house passava o tempo baixando e ouvindo faixas de música eletrônica, o que virou uma obsessão. “Os meus amigos viam como eu gostava da coisa, e falavam pra me tornar DJ!”

Amador, mas não menos obstinado e apaixonado, saiu da lan house e foi pulando de um emprego em outro — supermercado, borracharia, loja de peça de som e de porcelana —, sempre tentando furar as obrigações para entrar na web e seguir construindo seu repertório de boas faixas. “A coisa foi crescendo… Aos 18 comecei a tocar em boates de Goiânia, onde adquiri vários dos conhecimentos essenciais para um começo de carreira, principalmente os da discotecagem. Depois comecei o projeto atual aos 19 anos, e de lá pra cá tudo começou a acontecer”, conta.

Os sets do Illusionize são animados, mãos sempre pra cima; mixagem sagaz, rápida e certeira, tudo combinando com o bom carisma do moço. “Sempre gostei muito de mixar. Aprendi a tocar com um amigo meu aqui em Goiânia. O vi produzindo na minha frente e daí comecei a fuçar no FL Studio. Fazia corujão na lan house mexendo no software até aprender, e depois peguei firme quando comprei meu computador. Fui produzindo e aprendendo ao mesmo tempo.”

Todo esse esforço lhe rendeu uma recompensa: uma média de 16 apresentações mensais, quase o dobro do que fazia em 2015. Parte dessa demanda pelos sets do artista se deu com a explosão de seu primeiro hit como produtor: a faixa “Bass”, produzida com seus parceiros Sharam Jey e Chemical Surf. Lançada no mesmo ano pelo selo alemão Bunny Tiger e, a essa altura, com quase 1,6 milhão de plays no YouTube e mais de três mil cópias vendidas, tornou-se um sucesso que catapultou ainda mais o nome do artista, o que o fez passar a integrar o casting da agência Plus Talent. “Na época em que a música saiu eu nem tocava fora da minha cidade ainda. Quando fui para Londrina a primeira vez, já comecei a me ligar que a parada estava ficando realmente séria mesmo”, diz Pedro, com seu sotaque goiano característico.

lllusionize reivindica pra si, com a simplicidade que lhe cabe, o parto desse hit. “Eu que iniciei a ideia e montei o esqueleto da faixa. Depois compartilhei com os meninos do Chemical Surf, que a finalizaram, e o Sharam Jey fez a masterização”, explica. “Não tem uma festa que eu vou que o pessoal não grita ‘BASS!’.” Algo repetido no começo de abril no Chilli Beans Fashion Cruise, em alto mar, e que não foi diferente em nada menos que três sets no Tomorrowland Brasil 2016, inclusive no mainstage.

Com toda essa visibilidade, seu primeiro repertório de músicas autorais tem sido tocado por nomes como Claude VonStroke, Carl Cox, Green Velvet, Tale Of Us, LouLou Players, Kolombo e Alok — este que, há dois anos, tornou-se um grande amigo e um dos principais incentivadores de sua carreira. Parte das pessoas que trabalham com o Pedro em suas mídias, gerenciamento e tudo mais são da equipe do Alok também. “O sucesso é pelo esforço coletivo, pois fazemos um trabalho que envolve várias pessoas, com diversas histórias diferentes. Muita gente tem me ajudado”, diz, agradecido. “O DJ que hoje não vai atrás de uma equipe, que não se profissionaliza, pode se considerar fora do mercado. Há muita competição. Mas não é só trabalho, é amizade também.”

Questionado se sua música é calcada apenas no bass, ele tergiversa. “Ainda não consigo classificar exatamente minha sonoridade. Mas uma coisa que muitas pessoas me falam, quando toco, e até pelo feedback na página, é que tenho uma identidade que elas admiram.” Ora deep, com elementos de tech house e subidas características entre seus drops nas mixagens, o som do Illusionize de fato tem bons quilos de grave e carregadas linhas de baixo — camas sonoras firmes para sustentar uma house music animada. “Eu tenho um estilo de produção conhecido agora. A meta é aperfeiçoá-lo e levá-lo para um próximo nível. A gente tem que se superar sempre, né? Não pode ficar na comodidade, mesmo quando as coisas parecem estar indo bem”, diz, sagaz.

Mais do que gigs específicas, turnês, selos ou lugares que planeja estar, Pedro Mendes quer deixar um legado interessante. “Não imaginava que ia estar nem onde estou. Daqui pra frente é um mistério. Quero ser lembrado pelas pessoas que um dia me seguiram”, conta. Outro objetivo também, segundo ele, é trabalhar para subir mais um pouco no ranking do Top 50 DJs da House Mag, inclusive para tomar o #1 do amigo Alok, brinca. “Não vamos perder tempo!”, diz o DJ “born to bass!”.

        

 

 

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